"O véu do templo se rasgou, em dois, de alto a baixo". Mateus 27.51
Nesse texto, vamos olhar para esse versículo citado acima de uma maneira mais profunda e a partir de uma perspectiva interior. Dessa maneira, há duas perguntas iniciais que necessitam ser feitas; que são:
O que era o véu que separava o ser humano da plena Presença de Deus no templo? E por que o véu se rasgou completamente com a morte de Jesus?
A primeira coisa para a qual desejo chamar a sua atenção aqui é o texto que está escrito em 1 Coríntios 3.16, que diz: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?".
E o que isso significa?
Significa que o templo de Israel era uma representação do verdadeiro templo de Deus na terra, que é o próprio ser humano. Assim sendo, o véu que separou a humanidade da presença de Deus por milênios nada mais é do que uma representação da mente humana natural, porém, não a totalidade da mente, mas sim uma parte da mente que foi usurpada pelo espírito do mundo, por meio do pecado original cometido por Adão e Eva no jardim do Éden, de modo que essa parte da mente humana tornou-se o maior empecilho, a maior barreira, para que os indivíduos conseguissem se relacionar de maneira plena e pura com o Criador. Essa parte corrompida da mente humana, após ser envenenada com a maldade e a perniciosidade do espírito do mundo, tornou-se aquilo que hoje conhecemos como Ego, que é exatamente a mesma coisa que a Escritura Sagrada chama de carne em diversas passagens.
E por que o véu do templo é uma representação do Ego (carne/mente) das pessoas?
Porque uma vez que o Ego surgiu no ser humano, por ser constituído essencialmente de pecado, ele acaba gerando uma enorme limitação na maneira como o ser humano percebe a si mesmo, fazendo as pessoas acreditarem, equivocadamente, que são apenas o corpo físico, ou seja, a existência do Ego nos indivíduos encobre deles a "visão" do fato de que todo ser humano possui em si uma essência divina que existe desde antes da gênesis (geração/nascimento) do nosso corpo físico, uma vez que a nossa essência divina deriva diretamente do próprio Criador e foi gerada muito antes do nosso corpo físico tomar forma. Essa essência divina é o que a Escritura Sagrada chama de espírito, e esse é o nosso verdadeiro ser, o nosso verdadeiro Eu imortal, porém, a mente humana egocêntrica (carnal), com todas as suas paixões, vaidades e tantas outras concupiscências pecaminosas que são uma vasta gama de iniquidades perniciosas, acaba por nos impedir de perceber essa verdade, e assim, acaba nos fazendo viver de uma maneira na qual ficamos impossibilitados de reconhecer a conexão que há entre nós, ou seja, entre o nosso verdadeiro Eu espiritual, e o nosso Criador. Esse é, também, um dos motivos o texto de Isaías 59.2 dizer que: "...As vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.".
De fato, o Ego é um véu tão espesso sobre a mente de cada indivíduo que habita neste planeta, que tem feito bilhões de pessoas passar pela existência sem nunca se darem conta de sua própria essência espiritual divina, de modo que tais indivíduos desperdiçam completamente a vida que receberam sem nunca ter real contato com Deus, que é a fonte da vida; infelizmente, isso também tem acontecido dentro das mais diversas congregações, tanto com membros como com líderes, indivíduos que não despertaram do sono hipnótico da sociedade, e como consequência disso têm os seus pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e ações facilmente manipulados e distorcidos pelas mais diversas dinâmicas, artimanhas, armadilhas e toda a ação do espírito do mundo que está soterrando a humanidade em montanhas de sofrimentos psicossocial completamente desnecessário. Por esse motivo, também, é que foi escrito o texto de 2 Coríntios 4.4, que diz: "Nos quais os deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho de Cristo, que é a imagem de Deus.".
Mas note que nesse texto de 2 coríntios 4.4, a palavra incrédulos se refere a todas as pessoas que ainda estão presas sob a tirania do próprio Ego carnal, mesmo aqueles indivíduos que estão dentro de alguma congregação, há anos ou até mesmo décadas, sejam membros ou líderes.
Quando porém, através das inspirações do Espírito Santo, por meio das Escrituras Sagradas, compreendemos que o templo de Israel nada mais era do que uma representação do verdadeiro templo de Deus, que segundo o texto de 1 Coríntios 3.16, somos nós, automaticamente despertamos para o fato de que o véu do tempo também era uma representação do véu mental que causou divisão interna no próprio ser humano, gerando cegueira espiritual, escuridão de entendimento, cauterização da consciência e separação absoluta da Presença de Deus. Assim entendemos que a morte de Cristo na cruz destruiu a barreira mental que cobria a consciência humana e impedia que os indivíduos se reconectassem com o Criador.
De fato, todo cristão genuíno compreende que, quando a Escritura Sagrada relata que a morte de Cristo rasgou o véu do templo, em dois, de alto a baixo, aquele relato está apontando para uma realidade espiritual que a obra redentora de Jesus produziu dentro de cada ser humano, acabando definitivamente com a separação gerada pelo pecado original; separação essa que havia entre o lugar santo, que representava o "local" dentro de nós no qual o nosso verdadeiro ser espiritual, o nosso espírito, habita; e o lugar santíssimo, que era uma representação do "local", no centro do nosso espírito no qual o próprio Espírito Santo de Deus mantém a Sua Presença eterna.
Infelizmente, a grande maioria das pessoas nos dias atuais, dentro das mais diversas congregações, ainda não se deu conta da amplitude, da magnitude, e da grandiosidade, da obra redentora de Cristo dentro deles, eliminando a "redoma" que o véu do Ego (carne) mantinha sobre a raça humana e tornando possível a qualquer um que for minimamente tocado pela luz da Palavra de Deus, que é o verdadeiro evangelho de Cristo, despertar do "feitiço" que é o conjunto de ilusões, fantasias, sonhos, delírios e frenesis psicossociais que a mente humana corrompida (egocêntrica) produz incessantemente a cerca de tudo em nós e ao nosso redor.
No passado, antes de Cristo rasgar completamente o véu do templo com a sua morte na cruz, toda pessoa estava condenada a viver (para sempre) presa ao próprio Ego carnal, alucinado e delirante, que mantinha todos os indivíduos separados da Presença, da Glória e da Santidade de Deus dentro de si mesmos, ou seja, a existência do véu do Ego dentro da humanidade, representada fisicamente pelo véu dentro de templo de Israel, mantinha as pessoas em um estado no qual jamais, por si mesmas, conseguiriam restaurar a sua condição inicial de plena consciência, santidade e unidade com o SENHOR, porém, a partir do momento no qual o véu foi rasgado pela ação da Graça Divina materializada, e concentrada, no sacrifício atemporal de Jesus, toda a humanidade recuperou a capacidade de retornar, conscientemente e voluntariamente, ao estado imaculado no qual Adão e Eva foram criados, um estado interior de completa conexão e unidade com o Espírito (A Presença Consciente) do Altíssimo Todo-Poderoso. Assim sendo, agora apenas nos cabe despertar do sono hipnótico da sociedade e permanecer conscientes, não apenas com o intelecto, mas com o espírito, dessa maravilhosa bênção divina que nos foi dada gratuitamente, e a aceitarmos como tal; pois, essa conscientização e aceitação produzirá em nós a poderosa Luz espiritual (clareza, sobriedade e a lucidez) necessária para nos conduzir para fora dos domínios psicossociais "labirínticos" e obscuros do Ego carnal, que como um intenso nevoeiro, ainda tenta, e sempre tentará, limitar a nossa visão espiritual da verdade, cegando a nossa mente e adormecendo o nosso espírito.
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