"...E imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão." Marcos 16.18
Está escrito em Marcos 16.17-18: "E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios...e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão."; mas você sabia que a maioria das pessoas entendeu essa afirmação apenas pela metade? Você sabia que impor as mãos sobre os enfermos possui dois significados? Um literal e outro "figurativo"; e ambos extremamente importantes na vida cristã. Mas quais são eles?
O primeiro é o "clássico", aquele no qual todo mundo pensa quando falamos de imposição de mãos; ou seja, é aquele no qual um cristão literalmente ergue suas mãos em direção a alguém que esteja doente (enfermo), e, orando pela cura, Deus opera o milagre e restitui plena saúde àquele que estava enfermo. Essa é a maneira mais ensinada e praticada nas mais diversas congregações ao redor do planeta.
E qual é o outro significado? A maneira "figurativa"?
É aquela que foi demonstrada pelo "bom samaritano" na parábola contada pelo próprio Cristo, no texto de Lucas 10.30-35, que diz:
"Descia um homem de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhes tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote, e, quando viu o homem, passou pelo outro lado.
E assim também um levita; quando chegou àquele lugar e viu o homem, passou pelo outro lado.
Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, moveu-se de íntima compaixão; aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo, depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.
No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: 'Cuide dele, quando eu voltar pagarei todas as despesas que você tiver.'."
Ou seja, impor as nossas mãos sobre um enfermo para que ele fique curado também significa que devemos, de alguma maneira, cada qual segundo as suas próprias capacidades sociais e financeiras, assumir a responsabilidade de custear o que for preciso para que alguém, (que nem precisa ser cristão), receba os cuidados necessários e adequados para que volte a ter a saúde restabelecida. E esse é um dos motivos de Jesus, após ter contando essa parábola, ter dito o que está registrado no final do texto de Lucas 10.37, que é: "...Vá e faça o mesmo.". De fato, no que depender de nós, cristãos genuínos, segundo as nossas condições, devemos encontrar uma maneira de pagar, seja por uma consulta, um tratamento, uma cirurgia, um remédio, um curativo ou qualquer coisa semelhante em favor de alguém que precise dessa assistência, mas não tenha condições de arcar com os custos. E se fazer qualquer uma dessas coisas for demais para nossas condições atuais, nós podemos encontrar outros cristãos genuínos, verdadeiros irmãos(ãs) em Cristo, para que em união com eles possamos custear o que for necessário a quem necessite, sem que isso seja pesado para nenhum de nós.
E por que devemos fazer isso?
Porque embora muitos não se deem conta, através dessas boas obras, o amor e a cura divina também são materializadas diante dos homens, assim como a nossa fé é perfeitamente demonstrada, na prática, em todo o seu brilho, para a glória do Pai Celestial, em meio a uma sociedade cada vez mais incrédula, fria, e escarnecedora. Por isso também foi escrito o texto de Mateus 5.16, que diz: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o pai, que está nos céus.". Exatamente como aquele samaritano demonstrou com o seu procedimento ao se dispor voluntariamente a pagar os custos relativos aos cuidados necessários até que o homem ferido ficasse completamente curado. Embora muitos não considerem dessa maneira, naquela obra do samaritano registrada nas Escrituras Sagradas a cura divina também ocorreu, principalmente do ponto de vista daquele que estava ferido, e havia sido completamente ignorado pelos religiosos, que não eram espirituais o suficiente para se importar com alguém em grande necessidade.
E por que saber disso e importante?
Porque muitas pessoas dentro das mais diversas congregações, membros e líderes, inconscientemente movidos pelo Ego carnal (disfarçado de espiritual) que há neles, tornaram-se viciados apenas na operação da cura por meios milagrosos, ou seja, tais pessoas estão sempre prontas para impor as mãos, literalmente, sobre os enfermos e orar para que recebam a cura, mas, como estão sendo manipulados pela própria carne, e não direcionados pelo Espírito, acabam negligenciando o fato de que a cura divina também pode ser dada a quem precisa por meios "menos milagrosos", e perceba que eu coloquei essa expressão entre aspas porque não existem meios menos milagrosos, uma vez que, de uma maneira ou de outra, os cristãos genuínos estão sempre conduzindo a cura para aqueles que necessitam, seja por oração, seja por caridade, custeando o que for necessário; e ambas as maneiras são igualmente milagrosas em sua essência, principalmente na perspectiva daqueles que recebem a cura. O que estou tentando dizer aqui é que, ou os cristãos genuínos são o meio pelo qual a cura se manifesta na vida de alguém, pela imposição literal de mãos; ou são a própria personificação da cura, do milagre, (como no caso do samaritano).
E por que os pseudo-cristãos não pensam assim?
Porque, embora não saibam, ou já não se importem mais; o fato é que eles foram capturados pelo desejo que a mente natural humana (Ego/carne) tem de se mostrar espiritualmente superior, ou mais importante e poderoso que as demais pessoas. Assim, usam a operação de curas pela imposição de mãos (entre outras coisas) não como uma manifestação pura do Amor, da Vontade e da Graça de Deus, mas sim como uma maneira dissimulada (e muitas vezes escancarada) de autopromoção "espiritual" de um indivíduo, de um grupo, ou até mesmo de uma congregação, em meio a sociedade; pois julgam que isso é muito mais vantajoso para eles. Porém, a grande verdade que o Ego/carne dessas pessoas não permite que eles vejam é que esse vício em operar curas apenas pela imposição literal de mãos não é o suficiente para que alguém seja realmente considerado, por Deus, como um cristão genuíno; pois todo cristão genuíno precisa necessariamente praticar também a operação de cura através da maneira mais "convencional" demonstrada pelo "bom samaritano"; e é justamente por negligenciar essa verdade, ou simplesmente não se importar com ela, que muitos dentro das mais diversas congregações, membros, líderes, e até congregações inteiras, serão confrontados e reprovados pelo próprio Cristo; como o texto de Mateus 7.22-23 revela, ao afirmar: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade.".
Note que, nesses versículos, quando as pessoas dizem que em nome de Jesus fizeram muitas maravilhas, uma parte considerável dessas maravilhas é justamente a operação de curas literalmente pela imposição de mãos. Note também que Jesus não os desmente quanto a isso, dando o entender que aquelas pessoas realmente "operaram" tais milagres, porém, Cristo os repreende e os reprova porque tais indivíduos ficaram viciados em sinais, prodígios e maravilhas, eles se dedicaram à cura pela imposição de mãos, não por amor ao próximo, mas movidos por suas próprias vaidades (iniquidade), que são exatamente aquelas vontades viciantes do Ego/carne em se mostrar espiritualmente superior aos demais (muito semelhante ao demonstrado tanto pelo sacerdote quanto pelo levita, na passagem bíblica do samaritano). E por causa disso eles renunciaram a operação de curas através das boas obras, como fez aquele samaritano; ou seja, essas pessoas, pseudo-cristãos, ficaram tão obcecados em operar a cura apenas através de milagres que se esqueceram completamente de que a vontade de Deus e que todos nós não só possamos operar milagres, mas principalmente, o SENHOR espera que sejamos o próprio milagre na vida daqueles que estão em necessidade; por isso também há o texto de Tiago 2.15-16, que diz: "E se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?". Ou seja; se alguém tem fome, sede ou frio, não devemos apenas desejar ou pedir a Deus que aquela pessoa consiga comida ou roupas, mas sim, segundo as nossas condições devemos dar a comida e as roupas que tais pessoas necessitam. E isso se estende também para aquelas pessoas que estão sentindo dor ou passando por alguma situação de enfermidade.
Em outras palavras, Deus espera que todos nós tenhamos consciência de que também devemos ser a cura para alguém que esteja enfermo, de forma "convencional", exatamente como aquele samaritano foi, pois do contrário estaremos sempre sujeitos à reprovação de Cristo no Grande Dia, a saber: " nunca vos conheci...". Aliás, perceba que Jesus revela algo extremamente interessante antes de proferir essa frase de reprovação e condenação; Ele diz: "E, então, lhes direi abertamente...".
E o que isso significa?
Significa que durante todo o tempo em que essas pessoas se recusaram a seguir o exemplo de cristianismo prático deixado pelo samaritano, e se dedicaram unicamente à cura pela imposição de mãos da maneira literal (ignorando a outra maneira de curar os enfermos), Deus esteve sempre dizendo a eles, em particular, como resposta às suas orações, que deveriam também se dedicar a operação de cura pela caridade seguindo o exemplo registrados na famosa parábola; mas como se recusaram a ouvir a voz de Deus a esse respeito, por não julgarem que tal comportamento seja suficientemente espiritual (segundo a visão distorcida do Ego/carne que há neles), infelizmente serão abertamente confrontados, reprovados e condenados por Cristo como Ele mesmo revelou no texto de Mateus 7.23, que diz: "E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade.".
Não devemos deixar que o Ego/carne que há em nós nos engane, pois nos dedicarmos unicamente à cura pela imposição de mãos, literal, e ignorarmos ou nos recusarmos deliberadamente, a prática da cura pela compaixão, torna nossa ação espiritual a esse respeito em algo desequilibrado; assim, entender que custear o que for preciso, segundo as nossa capacidades, para que alguém seja tratado e curado de uma enfermidade, seja ela "simples" ou "complicada", pelos meios medicinais também é um ato espiritual; na verdade, em alguns casos, por mais incrível que isso possa parecer, tal ato chega a ser até mesmo muito mais espiritual do que a cura operada literalmente pela imposição de mãos; uma vez que demonstra claramente muito mais o amor, a compaixão, a bondade e até a fé daquele que, como o samaritano, se dispõe voluntariamente a ser o agente divino dessa boa obra, e a personificação da cura, na vida de alguém que necessite.
Todo coração genuinamente cristão, ou seja, toda mente que escapou do domínio e das influências do Ego/carne, compreende essa verdade; e entende que a cura, sendo uma das manifestações diretas da própria Graça de Deus, não possui uma única forma de ser operada e manifesta entre os homens, porque como a Graça, de onde a cura descende diretamente, é multiforme; assim também a cura o é, simplesmente por se tratar de um dos dons que emanam da Graça; e por esse motivo também e que foi escrito o texto de 1 Pedro 4.10, que diz: "Cada um administre aos outros o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.". Foi exatamente isso o que aquele samaritano fez. Entender essa verdade sempre foi um dos maiores diferenciais entre aqueles que realmente são servos do Deus Altíssimo e os que apenas estão constantemente calmando Senhor, Senhor, louvando a Deus somente com os lábios, mas cujo coração está longe da essência de Cristo. Uma geração que, como está escrito no texto de Provérbios 30.12: "...É pura aos próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.".
Por fim, peço que você não me entenda de maneira equivocada, pois o objetivo desse texto não e, em hipótese alguma, diminuir a importância maravilhosa, ou o valor, da cura milagrosa pela imposição de mãos de maneira literal, pois essa forma de cura é uma das coisas que certamente caracterizam o cristianismo. Meu intuito aqui é tão somente ressaltar o fato de que essa não é a única maneira que temos para levar a cura divina a alguém que esteja enfermo(a), pois outra prática que também é uma das características mais marcantes do verdadeiro cristianismo e justamente a prática das boas obras, como ficou demonstrado pelo exemplo registrado na parábola do bom samaritano.
Todo cristão genuíno tem o perfeito entendimento espiritual para equilibrar essas duas maneiras de operar a cura e compreender que haverá pessoas que deverão ser curadas através da imposição literal de mãos, mas, igualmente, também haverá pessoas que devem ser curadas por meio da prática das obras da compaixão cristã, para a glória de Deus; e esse discernimento para saber quando agir de uma maneira ou de outra também é uma das características que definem a mente de toda pessoa que serve a Cristo em espírito e em verdade.
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