"Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça." Isaías 59.2
Quando falamos de pecado a nossa mente começa a pensar em uma lista predefinida de comportamentos, palavras, pensamentos, sentimentos e emoções, quase que instantaneamente; pensamos em mentira, ganância, prostituição, inveja, ciúmes, ira, e uma série de outras coisas semelhantes a essas. Sim, de fato, todas essas coisas são realmente pecado, porém, essa lista preconcebida de pecados que temos em nossa mente é apenas referente àqueles pecados que são mais comumente vistos como tal; entretanto, há uma verdadeira infinidade de outros comportamentos, sentimentos, palavras, pensamentos, emoções e ações que não nos esforçamos tanto para classificar como sendo pecado, mas que o são. O problema é que estes outros pecados que negligenciamos nos fazem tão mal quanto aqueles que são mais citados e percebidos como tal.
Mas o fato é que esses pecados para os quais não nos atentamos, obviamente, também nos afastam da comunhão com Deus; na verdade, por não prestarmos a devida atenção em tais coisas nós mesmos é que vamos entulhando e empilhando uns sobre os outros até que se tornem uma grande pilha ou um obscuro e espesso muro de "pequenos" pecados negligenciados que criam uma barreira, um enorme obstáculo, que fazem com que Deus não nos ouça.
Mas que pecados são esses que muitos têm negligenciado?
A lista é ainda maior do que aquela que temos sempre na "ponta da língua" quando alguém se refere a esse tema. Vejamos alguns:
* Todas as vezes que, na nossa mente, exigimos que a vida aconteça do jeito que queremos. - Isso é pecado.
* Todas as vezes que colocamos condições para a nossa própria felicidade. Tipo: Se eu ganhar aquela promoção. Se eu ficar rico. Quando eu fizer aquela viagem. Quando eu casar. Quando eu tiver filhos. quando eu comprar uma casa (apartamento). Quando comprar aquele carro. Etc... Então serei feliz. - Isso é pecado.
* Toda vez que queremos que as outras pessoas se comportem somente de acordo com as nossas expectativas, mesmo as mais surreais. - Isso é pecado.
* Toda vez que confundimos o nosso verdadeiro Eu, a nossa consciência pura, o nosso espírito; com o Ego (carne) que há em nós. - Isso é pecado. E talvez seja o pecado mais cometido pelos seres humanos.
* Toda vez que permitimos que os pensamentos, sentimentos e emoções que estão na nossa cabeça, bons ou ruins, sejam os nossos senhores. - Isso é pecado.
* Sempre que abrimos mão de viver no momento presente para nos agarrarmos ao passado (quer tenha sido bom ou ruim) ou a um futuro hipotético.- Isso é pecado.
* Toda vez que nos deixamos seduzir por sonhos grandes e dourados que parecem ter sido concebidos sob medida para nós, mas que não são realmente nossos, pois foram confeccionados pela sociedade para nos distrair. (Algo que tem acontecido muito na atualidade). - Isso é pecado.
* Toda vez que tentamos comprar a felicidade através de objetos. - Isso é pecado.
* Quando achamos que a liberdade é algo que só pode ser encontrada fora de nós. - Isso é pecado.
* Se confundirmos sucesso com excesso; riqueza com fortuna; megalomania com fé. - Isso é pecado.
* Se consideramos a simplicidade um defeito. - Isso é pecado.
* Se só queremos saber das coisas extraordinárias da vida e nos esforçamos para ignorar ou menosprezar as ordinárias. - Isso é pecado.
* Se nos sentimos ofendidos por qualquer provocação ou agressão que lançam sobre nós. - Isso é pecado.
* Quando nos concentramos apenas em avivamentos da fé, mas esquecemos de produzir avivamentos do amor. - Isso é pecado.
* Se não compreendemos que nós não temos uma vida, mas que, na verdade, nós somos uma vida. - Isso é pecado.
* Quando acreditamos que Deus tem obrigação de realizar nossas ambições, fantasias, sonhos e outras ilusões. - Isso é pecado.
* Quando achamos que a fé se limita apenas à demonstração de sinais, prodígios e maravilhas sobrenaturais. - Isso é pecado.
Essa é apenas uma pequena lista cujo intuito é fazer você pensar a respeito. Todas essas coisas citadas acima, e muitíssimas outras semelhantes criam alguma barreira entre nós e Deus; barreira essa que nem mesmo nos damos conta de que exista, uma vez que nem costumamos considerar aqueles comportamentos como pecado, assim, muitos têm passado pela existência orgulhosos por não mentir, não roubar, não cobiçar e etc..., mas inconscientes de que existe uma enorme muralha construída por eles mesmos, que continua crescendo a cada dia.
Tais pessoas serão surpreendidas, pois se deixaram enganar, tanto por si mesmas, quanto pela sociedade e pelo espírito do mundo; e é também sobre esses indivíduos que a Escritura Sagrada está se referindo no texto de Mateus 7.23, que diz: "...Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.".
E que iniquidade foi essa que eles praticaram?
Eles se permitiram ignorar e negligenciar o fato de que várias das mentalidades, pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e comportamentos que cultivaram durante toda a vida como se não fossem pecado, na verdade o são. E mesmo não fazendo parte daquela lista costumeira de pecados mais "famosos"; ainda assim, são tão perniciosos quanto eles.
O espírito do mundo inventou sua própria definição de pecado de modo que ela inclua todas aquelas coisas que sempre vem mais facilmente à nossa mente quando falamos sobre o assunto; porém, por motivos óbvios, essa maneira de pensar é muito limitada e impede que qualquer um consiga ver qual é a verdadeira definição do termo pecado, que é muito mais ampla do que as vozes sociais e religiosas costumam ensinar.
E qual a real definição do termo pecado?
Segundo o texto registrado em Romanos 14.23: "...Tudo o que não é de fé é pecado.".
Ao contrário do que o espírito do mundo diz costumeiramente, a ignorância não é uma bênção. Nossa natureza Egocêntrica, ou seja, carnal, produz em nós muito mais pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e comportamentos que são pecado do que gostamos de admitir ou temos coragem de reconhecer; assim sendo, é nosso dever colocar a luz da nossa consciência sobre cada mentalidade, pensamento, sentimento, emoção, palavra e comportamento que há em nós, pois assim produziremos clareza e lucidez para perceber quais pecados temos abrigado na nossa mente e coração, como se não fossem pecado, apenas porque não são tão "famosos" quanto matar, roubar, mentir ou cobiçar.
É esse movimento interior que nos dará autoconhecimento suficiente para, gradativamente, eliminarmos tudo o que está dentro de nós sem se parecer pecado, mas sendo.
E quando esse trabalho termina?
Nunca. Enquanto parte do nosso Ser for essa carne decaída, sempre precisaremos manter a vigilância constante. Desse modo, reconhecer, enfraquecer e eliminar nossos pecados dissimulados é uma tarefa para o resto da nossa existência sobre a face da terra, mas a boa notícia é que a cada vez que fazemos isso nossa vida se torna mais livre, nossa mente fica mais clara e nosso espírito torna-se mais receptivo à voz, à vontade, e à ação de Deus, em nós e através de nós.
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