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"...Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida..." Mateus 6.25

 


"...Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?" Mateus 6.25 

Por que as pessoas dão tanta importância para coisas e questões que, na verdade, não têm, ou têm pouquíssima, importância real? E por que não dão a devida importância para o que realmente importa?

Esse é o panorama atual da maioria absoluta da humanidade; multidões de indivíduos totalmente, e unicamente, preocupados com suas questões sociais sem relevância verdadeira. Essas pessoas estão mergulhadas em todo tipo de cuidados para tentar fazer com que a forma como vivem adquira uma aparência de sucesso predeterminada pelo senso comum e pelo status quo. Tais indivíduos estão sempre demasiadamente preocupados e profundamente devotados às mais variadas superficialidades e futilidades que a sociedade os convenceu a pensar que são essenciais. 

Então alguém pode pensar o seguinte: Mais como assim? Quer dizer que não devemos nos preocupar com o que comer, beber e vestir? Fazer isso é algo errado?

Na verdade, essa parte do texto de Mateus 6.25 quer dizer que, se queremos realmente viver, de maneira mentalmente saudável, não devemos nos preocupar com tais coisas além da conta, da forma exagerada, exacerbada e compulsiva como tem sido tão comum vermos as pessoas fazendo nos dias atuais. De fato, quando Jesus disse que não devíamos andar cuidadosos pelo que comer, beber e vestir, o que Ele realmente estava dizendo era que se devotarmos a nossa mente, e os nossos dias, a pensar e buscar tais coisas da maneira distorcida como a sociedade nos incita a fazer, ou seja, compulsivamente, aceleradamente, distraidamente e exageradamente; acabaremos identificando a nós mesmos e a nossa existência com essas coisas e seremos sempre arrastados por turbilhões de ilusões que produzirão toda sorte de desequilíbrios internos e externos em nós; de modo que perderemos completamente a noção do que realmente significa viver; por esse motivo também foi escrito o texto de Mateus 16.25, que diz: "...Aquele que quiser salvar a própria vida perdê-la-á...".

Vários indivíduos têm gasto muita energia física e mental, emocional, sentimental; assim como todos os seus recursos como o tempo, dinheiro, atenção e saúde, tentando desesperadamente cuidar de todo tipo de coisas e questões supérfluas como se elas fossem vitais, ou como se elas fossem a própria vida. Essas pessoas têm se preocupado exageradamente com a sofisticação das coisas que comem, bebem, ou desejam comer e beber, assim como com as marcas, a imagem e o status das roupas e acessórios que usam ou desejam usar. Mas o que eles ignoram nesse processo é que nenhum desses excessos (cuidados exagerados) é a vida real; embora as vozes sociais digam que é; de fato, ao permitir que a mente deles permaneça repetindo sempre esses mesmos padrões de pensamento, e comportamento, baseados no que a sociedade convencionou chamar de vida moderna, a vida real começa a passar completamente despercebida por eles, todos os dias, bem diante dos seus olhos. E o pior é que isso nem é algo tão difícil de ser percebido, pois como foi dito em 1957 pelo escritor e jornalista norte americano Allen Saunders: "A vida é o que acontece conosco enquanto estamos distraídos com nossos planos e ocupados com outras coisas.".

E o que isso significa?

Significa que qualquer pessoa que for minimamente sincera consigo mesma perceberá que se preocupar demasiadamente com qualquer superficialidade da vida é um completo desperdício da vida. Mas infelizmente, poucos são os que se tornam conscientes disso, principalmente nos dias atuais.

Mas ainda há algo mais pernicioso escondido por trás desses cuidados sociais (preocupações exageradas) com todo tipo de superficialidades, pois eles são justamente os espinhos mencionados por Jesus na famosa parábola do semeador, na parte registrada em Mateus 13.22, que diz: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.". Os cuidados deste mundo, com a sofisticação cada vez maior de tudo que comem, bebem, vestem e com tantas outras questões que nós temos nos dias atuais, mas que não existiam na época em que essas palavras poderosas foram pronunciadas pela primeira vez; são exatamente os espinhos sociais que mais nos machucam e interferem grandemente no nosso aperfeiçoamento espiritual.

Entenda que o espírito do mundo quer que todos nós fiquemos presos, mental e fisicamente, em coisas sem importância porque assim perderemos a vida real de vista e a nossa existência se tornará rasa, fútil e desperdiçada. Mas todo cristão(ã) verdadeiro(a) sabe que a sofisticação da comida e da bebida não é tão importante quanto ter o suficiente para comer e beber de maneira adequada para manter o sustento do nosso corpo sempre em condições saudáveis; da mesma forma que sabem que os dilemas da moda quanto às marcas e imagens de sucesso das roupas e acessórios que usamos não é tão relevante quanto ter o suficiente para se vestir com qualidade; por esse motivo também é que o apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo registrou o seguinte ensinamento: "Tendo, porém, sustento e com que nos cobrimos, estejamos com isso contentes." 1 Timóteo 6.8, esse mesmo texto está colocado da seguinte forma na Nova Versão Internacional da Bíblia: "...Tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.". Em outras palavras, a essência do que Paulo estava ensinando é exatamente a mesma do que Cristo estava falando ao dizer que não devemos andar cuidadosos com o que comer, beber e vestir.

E por que esse ensinamento é tão necessário atualmente?

Porque quando alguém dá mais importância para as superficialidades da vida social e menos importância para a essência da vida real, tal pessoa acaba, inconscientemente, mas voluntariamente, deformando a própria existência, uma vez que sua mente estará sempre fragmentada e dispersa cuidando compulsivamente das mais diversas futilidades e aleatoriedades, sejam elas alimentares, ou de moda, ou tantas outras cujo único objetivo é gerar cada vez mais distração e fardo psicossocial, financeiro, e até espiritual, dentro e fora dos indivíduos; (e note que, tanto Jesus quanto Paulo usaram comida, bebida e vestimenta como exemplos didáticos fáceis que qualquer um compreenderia, mas há várias outras coisas que podem ser encaradas da mesma maneira, principalmente na sociedade atual).

E como os cristãos(ãs) lidam com isso?

Uma vez que suas necessidades básicas por comida, bebida e vestimenta (você pode adicionar aqui qualquer outra questão da vida social, como abrigo, dinheiro, relacionamento, etc...) estejam minimamente atendidas com equilíbrio e qualidade, os cristãos(ãs) passam a concentrar a atenção em coisas mais importantes do que ficar tentando se encaixar nos padrões sociais que existem com relação à sofisticação de comidas, bebidas, vestimentas e etc..., eles colocam o seu foco em coisas relacionadas à essência da vida real.

Mas quais são essas coisas que possuem relação direta com a essência da vida real e que estão passando despercebidas por multidões inteiras?

Todas as virtudes que conhecemos.

A vida real não é essa coisa social quase totalmente sustentada por superficialidades, mas sim uma vida virtuosa, ou seja, ela é aquilo que experimentamos quando nos apoiamos, somos nutridos, e protegidos, pelas virtudes tais como o amor, a fé, a alegria, a felicidade, a satisfação, a sabedoria, o contentamento, a generosidade, a equidade, a nobreza, a compaixão e tantas outras. Essa sim são as "coisas"  nas quais devemos nos concentrar e estar conscientes a cada dia da nossa existência, pois elas é que formam uma vida que vale a pena ser vivida; e desse tipo de vida, virtuosa, ninguém jamais se arrependeu de ter vivido.

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