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"Dá-me, pois, agora, sabedoria..." 2 Crônicas 1.10a



"Dá-me, pois, agora, sabedoria..." 2 Crônicas 1.10a

Não é preciso ter a capacidade de ler a mente das pessoas que vivem na sociedade, nem tampouco ouvir as orações de uma grande parcela dos indivíduos que estão dentro das mais variadas congregações para perceber que eles estão em busca exatamente das mesmas coisas.

E que coisas são essas?

Todo tipo de tesouros, vitórias, troféus e medalhas sociais que o espírito do mundo usa para seduzir a mente e aprisionar a vida de tantos quantos estejam apegados e identificados aos modelos, conceitos, padrões e mecânicas estabelecidos pelo senso comum e pelo status quo que norteiam a maneira condicionada e distorcida com a qual as pessoas pensam, sentem, falam e agem diariamente.

Assim como os indivíduos fora das congregações desejam ardentemente conquistar ou receber, de alguma maneira, e acumular, fama, fortuna, status, prestígio, influência, autoridade, poder e toda uma gama de coisas pelas quais estão se sacrificando rotineiramente para conseguir; muitos dentro das congregações, sejam membros ou líderes, estão se comportando exatamente da mesma forma, com a diferença de que aqueles dentro das mais diversas congregações costumam refletir tais desejos disfuncionais pelos tesouros, troféus e vitórias sociais em suas orações, na tola tentativa de, fazer com que Deus os atenda em suas vaidades e concupiscências, que fazem de tudo para manter de maneira dissimulada, procurando ocultar os motivos egoicos que os impulsionam a fazer tais orações e pedidos tão semelhantes aos das pessoas que não possuem qualquer conhecimento ou proximidade com o SENHOR.

Mas antes de prosseguir há algo importante que preciso esclarecer; que é: Todo cristão genuíno compreende que as coisas como a fama, fortuna, status, prestígio, influência, autoridade e tantas outras semelhantes não são essencialmente negativas em si mesmas, porém, quando desejadas, perseguidas, manipuladas e ostentadas segundo a visão, os conceitos e os padrões frenéticos, ilusórios, tribais e animalescos da sociedade na qual estamos inseridos, aí sim, passam a ser coisas extremamente nocivas e perigosas para qualquer um que esteja engajado em adquirir e acumulá-las.

O problema é que muitas pessoas dentro e fora de congregações acreditam que tais tesouros, vitórias e medalhas sociais são o ponto de equilíbrio na vida de qualquer um, algo que já se mostrou não ser verdade por mais de "um milhão de vezes", mas como tais pessoas estão vivendo adormecidas pelo sono social que sutilmente os conduz de maneira totalmente inconsciente pela existência, não são capazes de ver o quão infrutífera é essa jornada de ações e orações em busca de alcançar e acumular os desejos, ambições e sonhos disfuncionais que o senso comum e o status quo dizem que supostamente nos farão felizes, completos e livres. O que tal jornada realmente produz, interna e externamente, nas pessoas, é todo tipo de violentos desequilíbrios físicos, mentais e até espirituais.

Por outro lado, o ponto de equilíbrio na vida dos verdadeiros cristãos está em algo diferente, superior; algo capaz de mantê-los protegidos dos efeitos nocivos da insanidade social que nos rodeia; algo que dissipa as brumas da mente humana e gera clareza, consciência e lucidez de pensamento e de fé. A sabedoria.

Cristãos genuínos sabem que um tolo(a) nunca será feliz, completo e livre, não importa o quanto ele(a) ore e peça pelas coisas que acha que sua vida necessita, segundo os padrões da sociedade; por isso também é foi escrito em Tiago 4.3 o texto que diz: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.". Os tolos, tanto os de fora quanto os de dentro das congregações, estão sempre pedindo com base nas ilusões, fantasias e sonhos sociais que carregam em seu interior, que nada mais são do que impulsos disfarçados do Ego/carne de tais pessoas. De fato, uma das principais funções da tolice é produzir, tristeza, infelicidade, vazio e aprisionamento para o corpo, mente e espírito de qualquer um.

A única maneira de uma pessoa finalmente ser feliz, completa e livre, na total acepção destas palavras, é se tal indivíduo, voluntária e conscientemente, abrir mão da tolice que carrega consigo desde a infância; tolice essa que também pode ser chamada de imaturidade, pois essa imaturidade que nada mais é do que uma forma mental viciada de pensamento, sentimento e emoções sempre acaba sendo projetada de algum jeito, às vezes sutil, outras vezes mais abertamente, em todas as orações e pedidos que tal pessoa faça. De modo que é extremamente importante tomar consciência dessa ação perniciosa ocorrendo dentro da nossa mente, para nos desvencilharmos da tolice imatura e começarmos a nos dedicar à busca e ao cultivo diligente da sabedoria, pois é somente através da sabedoria que as portas certas da vida se abrem, assim como, por meio da sabedoria é que conseguimos acesso às bênçãos que temos buscado de forma disfuncional na sociedade, sem que tenhamos de carregar tanto peso mental, físico ou espiritual, nem precisar pagar o preço sacrificante que o senso comum e o status quo cobram daqueles que ainda caminham pela vida de maneira inconscientemente tola.

E como fazemos isso?

A segunda parte do texto registrado em Romanos 8.26 diz o seguinte: "...Porque não sabemos o que havemos de pedir como convém...".

A primeira coisa que devemos fazer é reconhecer que a nossa capacidade de compreender as nossas verdadeiras necessidades físicas (sociais, profissionais, pessoais), mentais (sentimentais, emocionais) e até espirituais, tem sido drasticamente limitada, e até sabotada, pela forma de pensamento coletivo condicionado e superficial com a qual fomos ensinados a praticar e a nos identificar desde muito cedo. Através desse reconhecimento finalmente chegamos à compreensão sincera de que grande parte, senão todos, os pedidos e orações que fazemos a Deus estão baseados quase que totalmente apenas em nossas ambições individuais ou grupais, vaidades, paixões e muitas outras fantasias sociais, ou mesmo espirituais. E é também por esse motivo que o texto registrado em Tiago 4.3 diz: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.".

A partir dessa nova compreensão superior, fica claro que o único pedido e a única oração capaz de ajustar nossa mente e nossa vida, por inteiro, é aquela feita por Salomão, e relatada em 2 Crônicas 1.10a, que diz: "Dá-me, pois, agora, sabedoria...".

E por quê?

Porque segundo está escrito em Provérbios 4.7a, "A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria...". Em outras palavras, o que esse versículo está afirmando é que dentre todas as coisas da nossa vida, de tudo que faz parte da nossa existência, a mais útil e valiosa é a sabedoria. Porém, é justamente a falta desse entendimento que tem tornado a mente e a vida de bilhões de homens e mulheres ao redor do planeta em um verdadeiro caos repleto de todo tipo de dores desnecessárias e sofrimento.

A sabedoria amplifica nossa capacidade de ouvir claramente, e sem interferências, a voz do Espírito de Deus; enquanto a falta da sabedoria nos mantém submersos e confusos em meio a uma multidão de vozes do Ego que há em nós, assim como da sociedade que nos rodeia e do próprio espírito do mundo. A sabedoria estabiliza nossos pensamentos, sentimentos e emoções; ajusta nossas intenções e modera nossas expectativas com relação a todas as coisas, pessoas, circunstâncias e situações da vida; e além disso, liberta as orações e pedidos que fazemos a Deus, da influência dos apegos, ambições, paixões, vaidades e tantas outras concupiscências egoicas sociais que tem norteado e maculado as práticas espirituais de tantas pessoas.

O espírito do mundo diz: Quando você orar, peça por posses, bens, vitórias, fortuna, fama, prestígio, influência, status, poder, autoridade política, conquistas e todo tipo de coisas pelas quais as pessoas na sociedade estão em busca de maneira tão frenética, porém, ao seguir essa sugestão qualquer um perderá completamente o equilíbrio da própria vida e se tornará cada vez mais incapaz de suportar o peso psicossocial que vai sendo produzido e acumulado sobre si; mas o Espírito de Deus diz a todos quanto quiserem ouvir: Quando você for orar peça por sabedoria, pois por meio dela você terá acesso a tudo o que a sua vida realmente necessita, saúde, realização pessoal e profissional, paz de espírito, alegria profunda, felicidade, liberdade, sucesso real, a quantidade de dinheiro e bens materiais que for mais adequada para que você possa viver sem dificuldades e sem exageros; e o mais importante, a sabedoria conduzirá você em segurança rumo a salvação. De fato, a sabedoria sempre servirá de abrigo e suporte tanto para nós (nosso corpo, mente e espírito) quanto para todo o nosso estilo de vida; por isso também foi escrito em Provérbios 9.1 o texto que diz: "A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou a suas sete colunas.".

Os tolos supõem que ter mais dinheiro resolverá todos os seus problemas (então pedem por mais dinheiro); acreditam que um carro novo, ou uma casa maior pode torná-los mais realizados (então pedem um carro ou uma casa), pensam que um cargo mais elevado na hierarquia profissional ou a posse de seu próprio negócio pode elevar seu status (então pedem por ascensão profissional), acham que acumular uma quantidade cada vez maior de bens materiais de todos os tipos e tamanhos pode preencher o vazio existencial que secretamente estão sentindo (então pedem por cada vez mais coisas materiais); imaginam que um marido, esposa ou filhos poderão lhes fazer feliz (então pedem por isso); se convencem de que obter mais inscritos e seguidores em suas redes sociais os farão ser mais famosos e influentes (então pedem), e assim por diante.

Os que passam pela existência apenas orando e pedindo por todas as coisas que as pessoas estão buscando na sociedade acabam perdendo a oportunidade de receber a sabedoria, mas os que oram e pedem por sabedoria recebem a oportunidade de alcançar todas as bênçãos que Deus, em seu divino poder, concedeu aos sábios para que possam viver plenamente; pois como foi dito em 2 Pedro: "...O seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito a vida...".

Só os sábios vivem de verdade. Os tolos, infelizmente, apenas existem e sofrem.


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