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“Abundância de mantimento há na lavoura do pobre...” Provérbios 13.23a


 

“Abundância de mantimento há na lavoura do pobre, mas alguns há que se consomem por falta de juízo.” Provérbios 13.23

Nunca na história da humanidade foi tão fácil viver bem sem precisarmos de tudo o que a sociedade chama de riqueza.

Mas como assim?

Uma das mentiras do espírito do mundo que a sociedade mais se esforça para disseminar e alimentar é aquela que diz que a pobreza é a falta de abundância; de fato, a maioria das pessoas foi ensinada desde criança que a abundância não pode coexistir com a pobreza; e ao aceitar e acreditar nessa mentira muitos se lançam inadvertidamente em uma corrida alucinada e vertiginosa para tentar alcançar, ou chegar o mais próximo possível, daquilo que a sociedade convencionou chamar, distorcidamente, de riqueza.

O problema é que nessa busca inconsciente pela suposta riqueza social, as multidões, inclusive dentro das congregações, estão criando, cultivando e acumulando para si mesmos todo tipo de dores e sofrimentos físicos, mentais e espirituais; como revelado em 1 Timóteo 6.9-10, que diz: "Mas os que querem ser ricos caem em tentações, e em laços, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e na ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.".

E por que isso acontece?

Porque quando um indivíduo aceita a sugestão mental hipnótica do espírito do mundo dizendo que não pode existir abundância na pobreza, tal pessoa fica com seu juízo (a sua capacidade de compreender as coisas corretamente) alterado, e torna-se automaticamente incapaz de perceber que os conceitos mundanos de abundância, pobreza e riqueza, que a sociedade usa, estão, completamente corrompidos, e, portanto, são apenas fontes de ilusões e deformações pessoais, mentais, sociais e espirituais que acabam consumindo os recursos mais importantes da vida das pessoas, como a atenção, o tempo, o dinheiro, as forças, a fé, e muito mais. É por esse motivo que a segunda parte do texto de Provérbios 13.23 diz: "...Mas alguns há que se consomem por falta de juízo.".

Mas que tipo de deformações são essas?

Quando as pessoas estão "vivendo" ou tentando "viver" de acordo com esses conceitos hipnóticos e deturpados de "riqueza" do espírito do mundo, alguns fenômenos começam a acontecer com eles; eis alguns:

As pessoas passam a confundir abundância com extravagância; pobreza com escassez; riqueza com fortuna (grande acumulação de dinheiro, bens e posses); espiritualidade com influência; fé com insensatez; consumo com consumismo. Eles passam a confundir os sonhos, as metas e os objetivos do espírito do mundo com os deles, assim como confundem a si mesmos com as imagens sociais que eles têm de si mesmos; e muito mais.

Todo cristão genuíno sabe que a maneira como a abundância, a pobreza e a riqueza são vistas na sociedade é nociva e causa muito mais confusão mental, dano e sofrimento do que satisfação, serenidade e plenitude; logo, cristãos abordam esses três conceitos de uma forma totalmente diferente daquela propagada pelas multidões na sociedade.

E qual forma seria essa?

Uma muito mais simples, sólida e consciente, que retira todo o peso social que o espírito do mundo deu às palavras abundância, riqueza e pobreza. Veja a seguir:

Qualquer cristãos verdadeiro entende que a abundância não significa ter tudo em demasia, na verdade eles sabem que ser abundante significa ter o suficiente para viver com dignidade, tranquilidade e condição para ajudar ao próximo (mesmo que minimamente); por isso também foi que Paulo, o apóstolo, escreveu o que está registrado em 1 Timóteo 6.8, que diz: "Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.". Em outras palavras, o que ele está nos ensinando nesse texto, também, é mais o menos o seguinte: Se tivermos comida, roupa e abrigo, já temos abundância. Qualquer excesso é desnecessário".

Semelhantemente, em Lucas 3.11, o profeta João Batista diz: "...Quem tiver duas túnicas, que reparta com quem não tem e quem tiver alimentos, que faça da mesma maneira.". É importante notar que as "túnicas" mencionadas no versículo servem como representação figurativa de absolutamente qualquer coisa na nossa vida, (roupas, acessórios, objetos, dinheiro, e etc...) Basicamente, o que o profeta está falando é que não precisamos ter demasiadamente as coisas como (roupas, objetos, posses e mantimentos) para sermos capazes de ajudar ao próximo, de fato, qualquer um de nós pode fazer isso perfeitamente se tivermos apenas o suficiente; ou seja, qualquer um que possua duas "túnicas" já tem a abundância necessária para abençoar alguém em necessidade, basta apenas tomar consciência disso. O ponto central, portanto, das palavras de João Batista e Paulo é a compreensão do entendimento de que a abundância significa ter o suficiente para viver com dignidade, tranquilidade, e capacidade para ajudar ao próximo, mas sem exageros, excessos, ostentações, nem megalomanias ou extravagâncias; o que até pode parecer pouco quando visto sob a ótica distorcida da sociedade mundana, mas é mais do que o suficiente para que possamos edificar um estilo de vida que não nos seja pesado nem nos cause dano material ou mental como está acontecendo com as multidões na sociedade.

Com esse entendimento começamos a perceber que Provérbios 13.22 tem razão; pois existe sim a possibilidade, e não é pequena, de que pessoas aparentemente pobres segundo a visão do mundo possuam abundância de mantimentos e tudo o que lhes é necessário para uma vida boa e plena sem ter de lidar com os inúmeros efeitos colaterais causados pelos conceitos distorcidos da sociedade que são baseados em pressões, acúmulos, excessos e desperdícios. Tudo o que precisam é tomar consciência de quão absurdos são os conceitos do mundo e perceber que se eliminarem seus excessos desnecessários (e todos nós temos muitos deles, mais do que somos capazes de admitir até para nós mesmos), ainda que tais excessos sejam "apenas" excesso de desejos, objetivos, de metas, de sonhos, de ambições; conseguirão abrir espaço e ter mais recursos para adquirir tudo o que for realmente necessário e indispensável, tal como mantimento para seu sustento e também para ajuda de quem precise, ainda que tal ajuda seja contribuindo com pouco; pois veja o que a Escritura Sagrada fala no Salmo 37.16, que diz: "Vale mais o pouco que tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios.".

Se somos realmente cristãos precisamos parar de pensar nos termos da sociedade, do status quo, e do senso comum, precisamos compreender de uma vez por todas que POUCO não significa necessariamente algo ruim, e MUITO não quer dizer exatamente algo bom, e isso se aplica em todas as áreas da nossa vida. Assim sendo, na ótica cristã, "ter pouco" não é o mesmo que passar por privações e necessidades por falta de algo (comida, dinheiro, roupas, abrigo), ao contrário, para os cristãos genuínos ter pouco significa somente não se entregar à busca alucinada por todos os excessos materialistas, consumistas e irracionais da sociedade. Por isso também foi escrito em Provérbios 15.16 o texto que diz: "Melhor é o pouco com temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação.". De fato, temer ao Senhor, nesse contexto é justamente não adotar essa forma de pensamento compulsiva da sociedade e do mundo, e não tomar parte nesse estilo de vida que só reconhece o acúmulo, os excessos e os desperdícios como se fossem sinais de abundância, pois esse tipo de "vida" só serve para produzir e potencializar inquietações, que por sua vez vão alimentar todo tipo de aflições de espírito, que nada mais são do que os sofrimentos modernos que estão ferindo e inutilizando a mente e a vida da maioria absoluta da população da terra, tanto os que, socialmente, têm muitos recursos (mantimentos), como os que têm pouco. Somente aquelas pessoas realmente conscientes de que essa forma social de pensar é enganosa estão a salvo dos efeitos e danos causados por ela.


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