“...Tenha contentamento no seu dia.” Jó 14.6
Este é, sem dúvidas, um dos ensinamentos mais úteis,
produtivos e benéficos para a vida de qualquer pessoa nos dias atuais, nos
quais a sociedade simplesmente está perdendo a capacidade de se contentar. E o
mesmo parece estar acontecendo dentro de muitas congregações por toda parte.
O fato é que todos nós estamos vivendo em uma sociedade que usa um gigantesco arsenal ilusório e sedutor para tentar aguçar os nossos sentidos de modo a estimular massivamente nas pessoas expectativas cada vez mais altas e irreais, sonhos de consumo cada vez maiores, ambições cada vez mais elevadas; assim como desejos descontrolados e vontades megalomaníacas para absolutamente tudo o que nos cerca e tem alguma ligação com nossa vida cotidiana. O problema é que esse aumento excessivo e vertiginoso das expectativas humanas desencadeia uma torrente violentíssima de todo tipo de tristezas materiais, mentais e até espirituais que estão arrastando e afogando milhões de indivíduos de todos os níveis sociais, dentro e fora de congregações; confirmando o que está escrito em: "...A tristeza do mundo opera a morte." 2 Coríntios 7.10B.
O espírito do mundo sabe que uma vez que ele consiga devorar todo o contentamento de dentro do coração de alguém, esta pessoa automaticamente entrará em uma espécie de frenesi social, que pode ser material, mental, espiritual, ou mesmo uma combinação sinistra dos três. Logo, tais pessoas passarão a lutar com todas as forças que possuem, por exemplo: força emocional, profissional, e financeira, para cada vez mais atender e alcançar suas mais altas expectativas em todas as áreas da vida, e apenas por agirem assim, muitos serão dizimados e consumidos nesse processo, pois tentar viver diariamente dessa maneira é como tentar tocar no horizonte; ou seja, sempre que alguém avança na direção do horizonte ele se afasta ainda mais de tal pessoa, não importa o quão rápido a pessoa se mova ou o quanto de esforço faça para tentar alcançá-lo. Buscar tocar no horizonte é loucura e caso alguém dedique a vida a tentar fazer isso certamente será vencido(a) pelo cansaço, pela angústia e pelas dores que esse objetivo lhe imporá, e, se mesmo assim continuar tentando, fatalmente perecerá. É exatamente a mesma coisa que ocorre com os que dedicam a própria vida a elevar suas expectativas sociais repetidamente, em um círculo vicioso sem fim, abrindo mão do contentamento para tentar viver sempre nos mais altos termos que suas condições lhe permitem; este é um dos motivos pelos quais foi escrito: "...Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos com as humildes." Romanos 12.16
Atualmente é muito fácil vermos, dentro e fora de congregações, diversos gurus, líderes, especialistas e autoridades em "riqueza, abundância e prosperidade" com discursos e argumentos minunciosamente estruturados e extremamente sedutores pregando, estimulando e direcionando as multidões para o caminho enganoso das expectativas estratosféricas e das megalomanias financeiras e espirituais; mas o que eles não revelam, e talvez nem mesmo tenham consciência, é que trilhar tal caminho transforma a vida de qualquer um em uma experiência cotidiana caótica, repleta de excessos desmedidos; assim como, torna a mente e o coração dos indivíduos em um constante conflito entre pensamentos, sentimentos e emoções, numa gigantesca confusão de desejos, vontades, ambições e todo tipo de vaidades, que por sua vez, drenam sorrateiramente toda a capacidade de raciocinar com a devida clareza, consciência e lucidez que necessitariam para encontrar uma rota de fuga segura para se desvencilhar dessa medonha armadilha do espírito do mundo.
E qual seria essa rota de fuga segura?
É exatamente aquilo que Paulo está se referindo em Filipenses 4.11, quando diz: "...Já aprendi a contentar-me com o que tenho."; ou seja, a rota de fuga é justamente aprender a se contentar em meio a uma multidão descontente. O contentamento é um dos grandes segredos da vida diária daqueles que são verdadeiramente cristãos(ã), pois uma vez que aprendemos a nos contentar com o que temos, mesmo que seja pouco; assim como contentarmos com o nosso dia a dia e com quem realmente somos; nos tornamos automaticamente imunes a toda essa incitação social e congregacional que aponta para uma vida de expectativas e ambições diárias cada vez maiores e megalomanias espirituais diversas que tornam o cotidiano extremamente difícil, pesado e não fazem nada além de mergulhar as pessoas na ruína interior e exterior, mesmo quando aparentam ser exemplos de perfeito sucesso social, profissional, congregacional e etc...
Cristão verdadeiros, de todas as épocas, nunca tiveram dificuldades de estruturar uma rotina diária fundamentada na fé e apoiada no contentamento, no qual, voluntariamente e conscientemente abrem mão destes excessos, extravagâncias e megalomanias, exteriores e interiores, que geram descontentamento, assim como, intencionalmente ajustam suas expectativas sociais a respeito de si mesmos, e da vida, de forma que elas se mantenham equilibradas e em perfeita harmonia com os verdadeiros desejos, vontades e interesses de Deus para eles; por isso são capazes de edificar uma rotina diária que lhes seja favorável e plenamente saudável e produtiva, sem dores, sem peso e sem frustrações, abrindo espaço físico, mental e espiritual para que possam exercitar diariamente a piedade, como foi ensinado em: "...Exercita-te a ti mesmo em piedade..." 1 Timóteo 4.7B; pois sabem que está escrito: "Mas é grande o ganho da piedade com o contentamento." 1 Timóteo 6.6
Agindo assim, todo cristão verdadeiro consegue desenvolver e fortalecer para si uma mentalidade de simplicidade que os protege de todo tipo de crises e outras circunstâncias adversas que possam ocorrer em seu cotidiano; por isso também, Paulo, que possuía essa mentalidade de simplicidade, piedade e contentamento disse certa vez: "Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade." Filipenses 4.12; ou seja, as expectativas de Paulo a respeito das coisas da vida, do seu dia a dia, estavam adequadamente controladas e equilibradas, e era ele quem as controlava, e não o contrário como é mais comum desde aquela época até hoje; Paulo controlava suas expectativas para mantê-las em perfeita harmonia com a Vontade de Deus para a vida dele. Ele não era inclinado aos exageros e extravagâncias sociais de sua época nem tampouco às megalomanias espirituais que servem muito mais para gerar uma quantidade massiva de descontentamento diário do que para satisfazer nosso interior. Paulo era como todo cristãos verdadeiro é, ainda nos dias atuais, lúcido, logo, conseguia viver com tranquilidade tanto nos momentos e dias bons e de abundância quantos naqueles em que ele tinha mais dificuldades.
Se nós nos dedicarmos a aprender e praticar o contentamento diariamente, também seremos capazes de experimentar uma vida de plena suficiência, tanto se, aos olhos do mundo, tivermos muito quanto se tivermos pouco, e, independentemente das circunstâncias ao nosso redor.
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