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“Os mansos... se deleitarão na abundância de paz.” Salmo 37.11




“Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.” Salmo 37.11


Você é uma pessoa mansa? Você sabe o que a mansidão realmente significa? Vamos falar um pouco sobre isso.

Tenho certeza de que você consegue perceber facilmente, com uma simples olhada ao redor, que a multidão de indivíduos do mundo, inclusive muitos em congregações, estão acumulando e se debatendo constantemente com vários tipos de angústias  físicas, mentais e espirituais, apenas porque não têm atentado para plantar e nutrir em si mesmos e em sua vida virtudes protetoras como a mansidão e a paz. De fato, estas duas virtudes estão intimamente ligadas de maneira que compreender e desenvolver a mansidão nos permitirá gerar e experimentar abundância de paz interna e externa em nossa vida. Portanto, o primeiro passo que precisamos dar para desenvolvermos a mansidão em nós é entendermos melhor o que ela realmente é.

E o que ela é?

A mansidão é uma das nove virtudes que integram o fruto do Espírito; como está registrado em Gálatas 5.22, que diz: "Mas o Fruto do Espírito é: Caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.".

Mas o que isso significa?

Significa que, como todas as outras oito virtudes do Fruto do Espírito, a mansidão não é apenas um conceito, tampouco é um sentimento; na verdade ela é um comportamento prático, e como tal, pode e deve ser aprendido por meio do exemplo e aperfeiçoado através da prática constante em nosso cotidiano. Eis um dos motivos pelos quais Jesus disse certa vez: "...Aprendei de mim, que sou manso..." Mateus 11.29. Uma vez que o próprio Cristo demonstrava constantemente possuir um comportamento manso, diante de Deus e dos homens, em todas as situações e circunstâncias, sempre mostrando sua mansidão através de obras, palavras e exemplos práticos e vivos; Ele espera que nós possamos usar o modelo deixado por Ele como máxima referência na qual nos inspiramos para viver com semelhante mansidão no nosso dia a dia, diante das mais diversas situações e circunstâncias, e principalmente naquelas adversas.

E como aprendemos a ser mansos?

A maioria das pessoas têm dificuldade de desenvolver a mansidão porque foram expostos por muito tempo àquele conceito vago que o espírito do mundo ensina, no qual, a essência da mansidão nunca fica clara e compreensível; assim como, na maioria das vezes essa essência é distorcida e diminuída de modo que as pessoas tendem a acreditar que ser manso signifique apenas ser calmo; algo que não corresponde totalmente com a verdade. Portanto, o que precisamos ter em mente para aprendermos a mansidão da forma correta é a clara compreensão da essência dela.

E qual é essa essência?

A essência da mansidão é a serenidade; que nada mais é do que a capacidade de tomarmos total controle de tudo aquilo, em nós, que temos condição de governar, ou seja, nossas emoções, nossos pensamentos, nossas atitudes, nossa perspectiva sobre tudo o que nos rodeia, e acontece conosco, nossas decisões e nossas palavras; só para citar alguns exemplos. Além disso, a serenidade consiste em compreender que há coisas e partes da nossa existência que não podem ser alteradas, por mais que desejemos, como o nosso passado por exemplo; e que qualquer ruminação mental, apego emocional negativo ou gasto de energia no sentido de tentar reviver atos e fatos do passado não passam de um grande desperdício de vitalidade; por isso também foi escrito: "Nunca diga: Por que foram os dias passados melhores do que estes?" Eclesiastes 7.10.

Em outras palavras, a mansidão é a prática consciente e constante da serenidade; e a serenidade é a capacidade simples e intencional de produzir e sustentar harmonia em nossa mente e coração através do controle equilibrado de nossas emoções, sentimentos, pensamentos, palavras, desejos, expectativas e tudo o mais que podemos controlar, ao mesmo tempo em que abrimos mão de nos incomodarmos, preocuparmos e afligirmos com o que não está em nosso controle.

Vamos um pouco mais fundo nesse entendimento. 

Uma pessoa serena é muito mais poderosa do que outra que é apenas calma, pois a calma pode ser perdida em momentos de extrema pressão, dando lugar ao medo, ao pânico e até mesmo ao desespero; de fato, a maioria das pessoas que afirmam ser calmas geralmente o são somente em momentos de tranquilidade ou ligeira adversidade, mas quando algo mais grave ocorre tal calma tende a se esvair. 

Já a serenidade é diferente, quanto mais nos aperfeiçoamos na serenidade, mais ela faz com que a nossa mente e coração se tornem inabaláveis, tal como a mente de Cristo, dos apóstolos como Paulo e de todo cristão verdadeiro. Eis o motivo pelo qual vários cristãos do passado passaram por tantas provações e atribulações desumanas, físicas e psicológicas, de maneira tão nobre e virtuosa, sem desanimar e sem que seu espírito fosse afetado ou destruído; como foi maravilhosamente relatado em: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos." 2 Coríntios 4.8-9.  A serenidade alimentada pela fé que possuíam os fazia mansos ao ponto de não serem afetados internamente pelas duríssimas lutas externas que eram lançadas contra eles em quantidades cada vez maiores e mais violentas; da mesma forma que a mansidão de Cristo o ajudou a passar com serenidade por todo o martírio que lhe estava proposto, enfrentando a cruz e a morte para salvar você, eu, e todos os que O reconhecem como SENHOR e aceitam-no como único e suficiente Salvador.

Veja também o exemplo de Paulo que aprendeu a ser manso inspirando-se no exemplo de Cristo, como ele mesmo disse em: "Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo." 1 Coríntios 11.1. Paulo foi perseguido, apedrejado, caluniado, espancado, aprisionado e muito mais; como ele mesmo relata em: "Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo..." 2 Coríntios 11.24-25. O
 mundo definitivamente não gostava daquele homem e o atacava com máxima ferocidade e violência por todos os lados, mas ele permanecia inabalavelmente sereno, ou seja, manso, diante de Deus e dos homens. Paulo, assim como muitos outros cristãos verdadeiros, mulheres e homens, tanto do passado como atualmente, desenvolveram a serenidade inspirados pelos exemplos do Mestre Jesus, logo, foram, e são, capazes de ser verdadeiramente mansos como Cristo, a despeito de qualquer obstáculo ou adversidade que a vida, o mundo ou a sociedade lhes imponha ou lance sobre eles; cristãos genuínos nunca perdem a paz interior. Por isso também foi escrito que: "...Os mansos...se deleitarão na abundância de paz." Salmo 37.11. A verdade é que se você tiver paz em seu interior, sua vida toda será pacífica, mesmo que você se encontre no olho do furacão.

Em outras palavras, enquanto a sociedade está em caos os mansos permanecem serenos, mesmo diante das situações mais graves e das provações mais severas continuarão transbordando paz de seu interior, pelos seus atos, exemplos e palavras. Pois estão totalmente concentrados em exercer pleno controle sobre si mesmos, interiormente, disciplinando os pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, perspectivas e etc..., e, moldando-os de acordo com os princípios, os valores e as virtudes da fé que possuem; assim como também, externamente, controlando e moderando as palavras, hábitos e obras que produzem.

A serenidade é o centro da mansidão, e a forma de desenvolvê-la é discernindo que na vida há situações, acontecimentos e circunstâncias que estão além do nosso controle, como a economia mundial, a sociedade na qual vivemos, os pensamentos, julgamentos e atos dos outros a nosso respeito, a natureza e muito mais; não devemos nos preocupar ou ficar ansiosos com tais coisas, pois nenhum esforço ou sacrifício de nossa parte poderá gerar  qualquer alteração significativa sobre elas, porém; podemos e devemos nos esforçar para manter o controle da única variável que conseguimos dominar plenamente, se assim quisermos. Nós mesmos

Cada um de nós deve necessariamente aprender a dominar o próprio espírito de maneira tal que todos os impulsos externos percam a influência sobre nosso comportamento e nossas respostas ao que ocorre em nosso redor. Por isso também foi escrito que: "...Melhor é o que governa o seu próprio espírito do que o que toma uma cidade." Provérbios 16.32. Ter controle sobre nossas emoções, sentimentos, pensamentos, perspectivas e tudo o que faz parte de nosso interior nos dá poder para permanecer acima deles, gerando lucidez e discernimento profundo para que possamos dizer: "Certo, isso aconteceu desta forma, mas eu decidirei a melhor maneira de agir, não serei dominado por nenhum turbilhão sentimental, nem arrastado para nenhum abismo emocional; eu estou no controle e responderei a isso de acordo com a minha fé.". Diferentemente dos mundanos que são totalmente escravos tanto das circunstâncias externas que ocorrem com eles quanto dos sentimentos, pensamentos e emoções gerados internamente de forma aleatória, e por vezes selvagem, como resposta aos acontecimentos externos.

Compreenda que é você que está no controle de sua mente e coração, e não o contrário; assim, com a prática você vai adquirir poder completo sobre si mesmo e se tornará imune a todo o ruído caótico do espírito do mundo. Eis alguns exemplos de como tomar o controle de si mesmo:

1: Não está em nosso poder evitar que alguém ataque ou desdenhe de nossa fé em Cristo; mas está totalmente sob nosso poder controlar nossa reação para que ela seja pacífica quando isso ocorrer.

2: Não está em nosso poder impedir que circunstâncias adversas apareçam ocasionalmente em nossa vida; mas está absolutamente em nosso poder o controlar nossos impulsos para não agirmos apressadamente e intempestivamente, mas sim, prudentemente baseados na fé.

3: Está fora do nosso controle impedir que as pessoas nos firam com inveja, mentiras, traições e etc..., mas está em nosso controle não reagirmos negativamente a isso e responder com amor e tranquilidade.

4: Não está em nosso controle impedir que obstáculos, "pequenos, médios ou grandes" se interponham entre nós e nossa missão, e, ou, vocação que fomos chamados por Deus para desempenhar; mas está em nosso controle mudar nossas perspectivas de modo a não nos desesperarmos como fazem os mundanos, e encontrarmos, com sabedoria, uma maneira de transformar tais obstáculos em apenas mais uma parte do caminho a ser trilhado.

5: Não está em nosso controle evitar que, mesmo com todos os nossos esforços, alguns de nossos projetos e objetivos falhem ou não se concretizem por causa da ação de circunstâncias alheias a nossa vontade; mas está totalmente em nosso controle reavaliá-los, fazer os ajustes necessários, identificar e corrigir falhas, desenvolver melhorias, mudar a abordagem, tentar novamente, e continuar caminhando, sem desperdiçar nosso tempo e vitalidade com murmurações, tentando culpar o país, a economia, a população, a família, a congregação, o pastor, os membros, o presidente, os políticos, o chefe, o funcionário, ou o que quer que seja.

6: Não está em seu poder evitar ser bombardeado com todo esse consumismo, materialismo, megalomania ou outras influências mundanas, mesmo dentro de algumas congregações; mas está em seu controle não se deixar seduzir, influenciar ou ser absorvido por tais coisas.

7: Não está em seu poder o evitar que o trânsito dê um nó justamente quando você precisa chegar em determinado lugar ou compromisso importante, e você se veja no meio de um grande engarrafamento, ou que algum motorista distraído bata no seu carro (algo que aconteceu comigo no dia em que escrevo este texto); mas você pode escolher responder a tudo isso com tranquilidade, sem perder o equilíbrio.

O fato é que se você desenvolver essa serenidade, praticando-a dia após dia, automaticamente se tornará manso, porque nada nem ninguém conseguirá desestruturá-lo(a), e nenhuma situação será capaz de roubar seu equilíbrio emocional e espiritual. Ignore qualquer pensamento aleatório ou perturbador que apareça em sua mente, descarte qualquer sentimento nocivo, não se prenda às emoções sem controle; evite as divagações e distrações mundanas da mente, mude sua percepções a respeito das coisas que acontecem com você e ao seu redor; olhe para os acontecimentos a partir de uma perspectiva de aceitação, se forem coisas que estão fora do seu controle; concentre-se em usar a fé para controlar e desenvolver o que realmente pode ser controlado e desenvolvido; esqueça todo o resto. Você vai se surpreender com quanta paz interior irá experimentar e, obviamente, essa paz se espalhará em tudo o que fizer e em toda a sua vida.


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