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“Enredaste-te com as palavras da tua boca.” Provérbios 6.2



“Enredaste-te com as palavras da tua boca...” Provérbios 6.2

Alguma vez você já se comprometeu com algo que sabia que não seria capaz de cumprir? Você já deu a sua palavra mesmo sabendo que não iria honrá-la?

Pois é, atualmente, agir assim é uma das coisas mais comuns que existe, é comum vermos pessoas se comprometendo com todo tipo de coisas, muitas das quais, completamente aleatórias e sem sentido, mesmo sabendo que tais compromissos não estão alinhados com os verdadeiros desejos, sonhos, vontades e metas de tais pessoas. Quantas vezes, por exemplo, você já aceitou um convite ou pedido feito por um amigo(a) apenas para não contrariá-lo(a), quando, na verdade, não queria fazê-lo; e, aceitar tal convite ou pedido acabou complicando seus horários, desorganizando sua agenda cotidiana, assim como, apressando, cansando, e até estressando você?

Quantas vezes você já deu a sua palavra a alguém dizendo que faria algo, cumpriria alguma tarefa ou desempenharia determinada função, apenas por consideração pela outra pessoa, mas assumir esse compromisso acabou adicionando peso extra em sua mente e em sua rotina? E fazendo com que você se sentisse acorrentado, de alguma maneira.

Se isso nunca aconteceu com você, devo parabenizá-lo(a), mas comigo já ocorreu diversas vezes no passado, tanto no ambiente de trabalho quanto entre amigos e até mesmo na congregação a qual frequento. O fato é que não é apenas comigo que isso ocorria, na verdade, isso continua ocorrendo na vida de milhões de pessoas em toda parte, gerando cansaço, confusão, desorganização, peso e um grande desgaste interno por parte de quem empenha sua palavra, pois uma vez que fazem isso ficam presos a ela, passam a tentar encontrar uma maneira de encaixar o compromisso assumido em sua rotina ou em sua agenda. O problema é que tais pessoas estão automaticamente agindo desta forma várias vezes e tomando sobre si diversos compromissos e responsabilidades com os quais não estão tendo condições de lidar, seja por falta de interesse, afinidade ou por qualquer outro motivo.

É relativamente fácil aceitar uma proposta, ceder a uma vontade ou encaixar um pedido de última hora feito um amigo, familiar, parente, colega de trabalho, chefe, líder ou irmão de congregação em nossa vida, é apenas uma questão de manejarmos nossos afazeres e atividades cotidianas para acomodarmos essa nova demanda, porém, o que tem ocorrido na sociedade é que as pessoas estão recebendo quantidades cada vez maiores de pedidos, propostas e vontades alheias dos mais variados tipos e naturezas sobre si, que vêm de todas as fontes possíveis quase que diariamente, e por receio de parecer rude ou por medo de que a outras pessoas se ofendam simplesmente empenham sua palavra e assumem os compromissos e responsabilidades que lhes são apresentadas ou empurradas sem refletir quanto a real possibilidade de atendê-las e ainda ter de dar conta de tantos afazeres do próprio cotidiano que todos temos em casa, no trabalho, na escola ou faculdade e na congregação.

O resultado desse acúmulo de compromissos e responsabilidades extras assumidos, tanto pequenos quanto grandes, é que a vida das pessoas começam a sofrer dano; por vezes esse dano é emocional, pois a incapacidade de manejar tão grande volume de requisições cotidianas aleatórias lançadas sobre seus ombros acaba gerando emoções pesadas e negativas como a frustração e a tristezas. Outras vezes o dano sofrido é físico porque tentar ajustar a vida constantemente tomando sobre si peso e acorrentando-se com compromissos e responsabilidades que os outros jogam na nossa vida gera cansaço e exaustão além do suportável. Mas há também o dano espiritual, na medida em que não conseguimos equilibrar nosso estilo de vida com as demandas que continuamente aceitamos ao empenharmos nossa palavra com outras pessoas, acabamos sacrificando muito do nosso tempo, e energia (motivação + alegria), assim como acabamos dispersando nossa atenção; logo, deixamos de investir tudo isso na construção sólida (edificação) e desenvolvimento de nossa fé, virtudes, dons, talentos e relacionamento com Deus.

A conclusão óbvia aqui é: Se agirmos assim ou se continuarmos agindo assim, como a maioria dos mundanos e alguns nas congregações; empenhando nossa palavra em diversas coisas que na verdade não serão úteis nem a nós nem aos que nos pedem para assumir tais compromissos, a tendência é que nossa vida se sobrecarregue, antes que possamos nos dar conta, e as outras pessoas passem a ter cada vez mais controle sobre nós. Acabaremos nos sentindo completamente aprisionados.

Cristãos verdadeiros aprendem a controlar plenamente todos os aspectos internos e externos da própria vida, equilibrando-os de maneira harmônica, para que a liberdade que possuem não lhes seja tirada por qualquer pessoa, como foi ensinado em: "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo vos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão." Gálatas 5.1. De fato, Cristãos verdadeiros vivem de maneira que a liberdade que possuem em todas as áreas da vida seja ampla e sustentável; e uma das formas de fazer isso é parando de empenhar a sua palavra em compromissos, pedidos ou demandas das outras pessoas, que não tenham realmente a ver com você; é se livrar dos compromissos e responsabilidades sem sentido assumidos equivocadamente, como está escrito em: "Faze, pois, isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te e importuna o teu companheiro..." Provérbios 6.3.

Em outras palavras, se você assumiu compromissos e responsabilidades, equivocadamente, impensadamente e apressadamente, contra a sua real vontade ou sem perceber as reais implicações de tal ato, que o estão sobrecarregando, apenas para não ser rude ou para que as pessoas não se ofendessem com sua recusa, e agora sua vida está de alguma maneira se tornando confusa e menos livre porque há muito mais para ser administrado do que deveria e todo o esforço extra feito por você está dividindo sua atenção, drenando seu tempo, energias e adicionando peso sobre seu coração, mente e existência. Procure a pessoa ou pessoas com as quais você se comprometeu dando sua palavra, seja no trabalho, na família, entre os amigos, parentes, colegas ou mesmo irmãos de congregação e seja sincero e transparente com eles, use a verdade e a objetividade para se livrar do compromisso ou responsabilidade assumido anteriormente de uma maneira que não cause prejuízos nem a você nem aos outros.

Se for possível liberte-se de tudo o que seja semelhante a isso em sua vida, ou seja, não assuma mais compromissos e responsabilidades afobadamente ou apenas para não parecer rude ou ofensivo. Comece a usar, com gentileza e suavidade, uma das palavras mais produtivas que existe, o não. Aprenda a respeitar sua própria vida, pois como já foi dito, se você não o fizer, ninguém mais o fará. Tome sobre si apenas os compromissos e responsabilidades que estejam realmente alinhados com o equilíbrio dos seus objetivos e propósitos familiares, profissionais, pessoais e espirituais; você não precisa agradar todo mundo e se tentar fazer isso acabará se auto-violentando.

Seja sempre gentil, sincero, transparente e verdadeiro com todos ao seu redor, mas crie o hábito de declinar amorosamente qualquer convite, pedido, proposta e oportunidade que realmente não faça sentido para a sua vida como cristão(a) ou que vá roubar seu tempo, atenção, dinheiro e energia. Desenvolva a "arte" de dizer não com delicadeza para que as demandas das outras pessoas jogadas sobre você não se tornem fardos cada vez mais pesados, pois estes tendem a deformar a vida de qualquer um que não os evite.

Mas e se a pessoa não puder se livrar de uma palavra empenhada, de um compromisso assumido ou de uma responsabilidade aceita; o que fazer nestes casos?

Nestas situações o único caminho é honrar com a palavra dada em garantia; e uma vez que tenha cumprido ou feito o que se dispôs a fazer ou realizar, cabe aprender essa valiosa lição e deixar de se sobrecarregar aceitando demandas aleatórias que gerem sobrecarga mental, física e espiritual. 

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