Pular para o conteúdo principal

“Sede sóbrios...” 1 Pedro 5.8A



“Sede sóbrios...” 1 Pedro 5.8A

Como aplicar essa simples, mas poderosa, recomendação em nossa vida de uma maneira que nos permita perceber muito mais do que temos percebido ao nosso redor?

Sou constantemente surpreendido pelas revelações e aprendizados transformadores que encontro ao meditar e estudar as Escrituras Sagradas; mesmo trechos tão curtos quanto o destacado acima são capazes de produzir tremendo entendimento que se expande em nossa mente e coração, mudando completamente a maneira como compreendemos todas as coisas.

Neste texto vamos falar de como podemos seguir, na prática, a recomendação dada a nós para sermos sóbrios, e como isso nos dá a clareza necessária para discernir a verdade do que é ilusão mundana, e, o que é fé verdadeira do que é apenas manipulação, delírio e histeria.

A primeira coisa que precisamos compreender é o que significa ser sóbrio, e fazemos isso simplesmente olhando para o oposto da sobriedade, que é a embriaguez. Note que toda pessoa embriagada perde, temporariamente, uma coisa extremamente importante para o bom funcionamento da vida de qualquer um; que é a consciência racional, ou seja, a racionalidade; a capacidade de pensar racionalmente, conscientemente, sem ser influenciado por forças externas ou por impulsos internos como os sentimentos e emoções. Não é raro vermos pessoas embriagadas agindo de forma completamente inconsciente, sem percepção do que estão fazendo ou falando; e irracional; totalmente governadas por rompantes de sentimentos diversos, como tristeza, euforia, raiva, ira, ódio, inveja e ciúmes, isso só para citar alguns.

Uma vez que tais pessoas estão em estado de embriaguez, elas perdem a capacidade de raciocinar com clareza, a razão delas adormece, e são arrebatadas por qualquer impulso primitivo ou por qualquer pensamento, sentimento e emoção sem controle que esteja gravitando seu coração; elas falam todo tipo de loucura sem pensar, se tornam impulsivas e agressivas inclusive com aqueles que os amam; tornam-se facilmente influenciadas, seu humor fica instável e volátil; e, por estes motivos, entre outros, acabam sempre agindo de maneira equivocada, inconsequente, e, muitas vezes, prejudicial, para com outras pessoas e até mesmo com elas próprias, por exemplo, quando dirigem em estado de embriaguez. Porém, não é só de bebidas alcoólicas que as pessoas costumam se embriagar, principalmente nos dias atuais; de fato, a maioria da população da terra costuma se embriagar muito mais com outras coisas que são tão viciantes, perigosas e destrutivas quanto o álcool, são elas, ideologias partidárias, política, radicalismos, vaidades, ambições, doutrinas religiosas, facções sociais, agremiações esportivas, falsas verdades "universais", entretenimento, estilo de vida destrutivo, relacionamentos desajustados, trabalhos desgastantes, procura por sucesso, busca pela felicidade, culto a beleza física, prazeres, todo tipo de exageros e muito mais.

Analisando todo esse panorama descrito acima, que você certamente deve conhecer muito bem, pois provavelmente já presenciou ou até mesmo viu vídeos de pessoas em situação de embriaguez tradicional, ou mesmo, conheça alguém embriagado por aquelas outras coisas, fica claro perceber que ser sóbrio é estar em estado racional plenamente consciente e equilibrado, ou seja, em completa posse de sua condição e faculdades de raciocínio, é manter a razão em pleno funcionamento; algo que não acontece quando tais pessoas permitem que sua racionalidade seja sequestrada por qualquer ente ou fenômeno externo ou interno provocado pelo espírito do mundo. Também por isso foi escrito que: "...Apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Romanos 12.1; ou seja, em todas as coisas que dizem respeito a Deus e ao nosso próprio corpo devemos nos manter sempre de posse de nossa capacidade de pensar com clareza e consciência.

Note, porém, algo muito importante. Ser sóbrio significa ser racional e consciente, mas isso não é o mesmo que ser racionalista. Enquanto que uma pessoa racional protege sua razão e dá valor a ela de forma equilibrada de tal maneira que ela é capaz de ser usada em conjunto com a fé. O racionalista supervaloriza a razão e se apoia somente sobre ela, comportamento este que causa diversas distorções, pois nada mais é do que uma espécie de radicalismo, e todo radicalismo, por natureza, é um tipo de desequilíbrio que não produz nenhum benefício sustentável.

E qual é o grande benefício de ser racional, ou seja, de sempre manter conscientemente a razão (sobriedade)?

Pessoas que se esforçam para conscientemente manter a razão intacta todo o tempo, ou seja, as pessoas verdadeiramente sóbrias, não são enganadas e não se enganam a si mesmas, cumprindo o ensinamento de Jesus que disse: "...Acautelai-vos, que ninguém vos engane..." Mateus 24.4; pois ponderam diligentemente sobre todos os seus caminhos; como foi ensinado em: "Pondera a vereda dos teus pés..." Provérbios 4.26A. Elas investigam minuciosamente tudo o que as rodeia; como foi dito em: "A glória dos reis é tudo investigar." Provérbios 25.2B; investigam a sociedade, as influências que recebem de pessoas próximas ou desconhecidas, a forma como agem, as palavras que falam e muito mais; assim como também, consideram prudentemente sobre tudo o que está dentro de si, coisas como seus próprios pensamentos, suas intenções mais profundas, seus sentimentos, emoções, sonhos, desejos, vaidades, e tudo o mais que faça parte de seu "eu" interior. Dessa forma, somente as pessoas sóbrias, ou seja, que cultivam constantemente a razão, a clareza e a consciência plena, são capazes de perceber e identificar tanto as sutis armadilhas, ilusões e mentiras que o espírito do mundo conta para todas as pessoas, quanto aquelas que, por vezes, pelos mais variados motivos, contamos a nós mesmos; e tendo essa capacidade de perceber tais sutilezas ganhamos poder para controlá-las, modificá-las ou evitá-las. 

Ser sóbrio, em outras palavras, manter nossa razão consciente, é o que verdadeiramente nos permite proteger, ou, guardar nosso coração adequadamente, de todas as pressões que os ambientes nos quais estamos inseridos, casa, trabalho, escola, congregações, e outros, podem fazer, e farão, sobre nós diariamente, assim como das pressões que acabamos, muitas vezes, fazendo sobre nós mesmos quando acreditamos no que o mundo nos diz através de todos estes ambientes ou outras fontes diversas.

Pessoas que cultivam conscientemente a razão, pessoas sóbrias, são mentalmente livres, na medida que não são aprisionadas por seus pensamentos nem arrebatadas e dirigidas por seus sentimentos e emoções, nem tampouco, dirigidas por seus sonhos, ambições e vaidades; elas conseguem perceber que tais coisas, seus sentimentos, pensamentos e emoções, não correspondem a quem elas verdadeiramente são, mas são apenas fenômenos naturais internos criados pela mente humana, baseados na forma como a própria mente interpreta os fenômenos externos, ou seja, a vida que elas acham que estão vendo, sentindo e tendo. Pessoas sóbrias sabem que, muitas vezes, muito mais do que gostaríamos de admitir, as coisas que vemos e sentimos não correspondem a verdade, são falsas realidades e falsas impressões sob as quais nos curvamos porque estamos constantemente sendo traídos por nossos sentidos e percepções; e é por isso que os cristãos verdadeiros de todas as partes do planeta, através dos tempos, sempre praticaram o valioso hábito de basear sua vida na fé; como foi ensinado em 2 Coríntios 5.7; que diz: "Por que andamos por fé e não por vista.". 

A verdade é que não há nada mais racional e consciente do que entender que a nossa percepção das coisas, nossa visão do que nos rodeia, nossos sentidos, nossa compreensão da sociedade; tudo isso e muito mais pode ser facilmente, mal compreendido e, ou, manipulado por qualquer força externa ou interna se não tivermos a devida atenção e clareza; e, que essa manipulação vai gerar, na maioria das vezes, paixões arrebatadoras e devastadoras, derivadas de pensamentos perturbadores, mentalidades enfraquecedoras, assim como, sentimentos, emoções, crenças, opiniões, palavras e ações completamente distorcidas e extremamente nocivas ao nosso bem-estar pessoal, nossa saúde mental e nosso desenvolvimento espiritual. 

Ser sóbrio, entretanto, nos faz perceber que confiar plenamente em qualquer coisa que possa ser manipulada para gerar peso sentimental e cegueira espiritual é um erro gigantesco; por este motivo pessoas conscientemente racionais lutam constantemente para basear suas convicções, palavras e ações, não nos seus pensamentos, sentimentos e emoções, mas sim, em valores, princípios e em virtudes como a ; desta maneira são capazes de perceber quando seus pensamentos, sentimentos e emoções estão tentando dominá-los, traí-los ou distrai-los, assim como também são capazes de dissolver padrões emocionais e sentimentais negativos, prevenindo que nenhum pensamento sem controle, sentimento violento ou emoção nociva seja capaz de se proliferar em seu interior e perturbar o perfeito equilíbrio que sempre devemos cultivar, pois se isso acontecer estaremos voluntariamente nos permitindo afastar da Graça de Deus, pois isto acabará influenciando todos ao nosso redor. Por este motivo também nos foi ensinado que: "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem." Hebreus 12.15

Somente as pessoas sóbrias, conscientemente racionais, são realmente capazes de provar os espíritos, como foi ensinado em: "...Não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus..." 1 João 4.1A. E isso acontece porque elas conseguem pensar claramente sem se deixar conduzir pelas emoções e sentimentos arrebatadores que certas experiências, ambientes e pessoas pseudo-espirituais são capazes de criar, são capazes de olhar através das ilusões por mais extraordinárias que sejam. Qualquer indivíduo conscientemente racional usa a fé juntamente com a sabedoria, com a inteligência e com a prudência, em perfeito equilíbrio, para distinguir as artimanhas do espírito do mundo, se desviar de suas armadilhas e ignorar seus argumentos inebriantes. 

Você se lembra da passagem bíblica registrada no livro de Mateus 4 do versículo 8 ao 11; na qual o espírito do mundo tentou a Jesus mostrando-lhe toda a glória dos reinos da terra e prometendo entregar tudo a Cristo caso Ele o adorasse? Note que naquela passagem o espírito do mundo criou uma experiência espiritual completamente extraordinária, e Jesus o confrontou de uma maneira conscientemente racional, ou seja, para enfrentar e vencer aquela situação insólita e surreal Cristo simplesmente manteve seu equilíbrio mental, e, baseando-se na fé, citou as Escrituras; Jesus não se deixou levar por pensamento, sentimento ou emoção alguma gerada por aquela visão apoteótica que estava diante dele. Isso é ser sóbrio. E ser sóbrio fortalece você de modo que passa a ser um oponente extremamente difícil para o espírito do mundo confrontar, visto que ele perde a capacidade de brincar com suas emoções, sentimentos e pensamentos.

A verdade é que principalmente no mundo, mas também em quase todas as congregações há multidões de pessoas embriagadas pelos próprios sentimento e emoções, que são gerados pelas mais diversas mentiras, ilusões e falsas realidades que o espírito do mundo é capaz de, maquiavelicamente, arquitetar.

E o que isso significa?

Significa que há pessoas abrindo mão de sua racionalidade para agir de forma completamente irracional, guiados apenas por seu emocional. Há pessoas acreditando em todo tipo de gurus que prometem todos os benefícios do mundo, tanto materiais quanto espirituais (exatamente como o espírito do mundo tentou fazer com Cristo. E isso não é coincidência).

Há indivíduos sendo ludibriados com falsas realidades criadas pelo próprio coração porque deram ouvidos as mais diversas vozes enganadoras que existem na sociedade. Há aqueles que estão deixando de se desenvolver na fé e na vida porque se recusam a exercitar conscientemente a sua capacidade racional, ou seja, sua sobriedade, sobre as coisas de Deus, pois acreditam que se fizerem isso estarão perdendo sua espiritualidade; mas estes pensamentos já foram semeados neles pelo mundo e, como tal, estão completamente equivocados, porque não há nada mais espiritual do que racionalmente e conscientemente, determinar momentos específicos do dia, da semana, do mês e do ano, para por exemplo, orar, cantar e louvar a Deus usando a razão; como foi dito em: "Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." 1 Coríntios 14.15.  Da mesma forma, um dos comportamentos mais espirituais que podemos ter em nossa vida é o de conscientemente e racionalmente, ou seja, sobriamente, cuidarmos bem de nosso corpo físico e cultivarmos nele plena saúde, pois foi dito: "Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus..." 1 Coríntios 6.19; e novamente cito: "...Apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Romanos 21.1.

Usar a razão com consciência é extremamente importante para nosso verdadeiro desenvolvimento espiritual. Ser espiritual e ser racional não são coisas opostas entre si, pelo contrário, são duas partes que se completam; por este motivo Deus, O Criador, concedeu uma mente magnífica ao nosso espírito, para que possamos usá-la de forma intencional, ou seja, equilibrada; sóbria, visando o melhor uso, o desenvolvimento pleno e a multiplicação de todos os nossos dons, talentos e todas as bênçãos que nos foram entregues, para a produção de boas obras, bons exemplos e todo tipo de bons frutos para a glória de Deus.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pedis e não recebeis, porque pedis mal... Tiago 4.3

"Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites." Tiago 4.3 Esta, sem dúvidas, é uma das frases mais conhecidas do livro de Tiago, mas durante algum tempo tive certa dificuldade de me aprofundar na grande lição contida nela. Será que você já conseguiu extrair deste versículo algo além daquilo que está na superfície? É o que tentaremos fazer agora. Creio que o hábito de pedir seja o mais intuitivo, natural e automático que possuímos, principalmente porque Jesus disse: "Pedi e dar-se-vos-a..." ; "o que pede recebe" e ainda, "tudo que pedirdes em meu nome eu o farei..." Somos ensinados e acostumados a pedir; há alguns até que se tornam viciados em fazê-lo, alguns tratam o Senhor absoluto do universo como se Ele fosse uma espécie de "gênio da bíblia", ou seja, na mentalidade destas pessoas Deus serve apenas para realizar seus desejos não importando o quão banais, vaidosos, egoístas, hedonista

“Clama a mim, e responder-te-ei...” Jeremias 33.3

“Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes.” Jeremias 33.3 Deus nunca se cala. Ele está sempre falando conosco, sempre nos respondendo, mesmo quando nos negamos a ouvi-lo; tal como está escrito em Jó 33.14, que diz: "Antes, Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso." . Uma vez que qualquer pessoa clame a Deus a respeito de alguma situação ou petição, seja qual for; como foi escrito em Filipenses 4.6, que diz: “...Antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graça .” . Ele próprio afirma no texto de Jeremias 33.3 que responderá. E porque estou falando algo tão óbvio assim? Porque tenho percebido que para muitas pessoas não é tão óbvio; na verdade, já perdi as contas de quantas vezes eu ouvi alguém falar que orou, clamou, pediu e suplicou a Deus a respeito de algo, mas Ele não respondeu. Já ouvi pessoas falarem isso, ou algo semelhante, tant

"...Um dia para o SENHOR é como mil anos..." 2 Pedro 3.8

"Mas, amados, não ignoreis uma coisa: Que um dia para o SENHOR é como mil anos, e mil anos, como um dia."   2 Pedro 3.8 Agora é hora de quebrar um grande mito. Um tipo de crença religiosa que tem impedido muitos de enxergar um pouco mais a grandeza de Deus. Em um texto anterior falei sobre o   tempo das coisas , mas neste texto vamos conversar brevemente sobre o suposto tempo de Deus. Provavelmente você já tenha ouvido alguém falar, ou já falou, a seguinte frase:   Não é o tempo de Deus. Embora eu compreenda o que tal frase quer dizer, creio que há alguns pontos importantes sobre ela que devemos conhecer plenamente para melhorarmos tanto o nosso conhecimento do SENHOR quanto nosso relacionamento com Ele. Certa vez li uma frase atribuída ao físico alemão Albert Einstein que me ajudou bastante a compreender o entendimento que compartilho nesse texto com você. Eis a frase: "A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistent