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“...Não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.” Gálatas 5.1B



“...Não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.” Gálatas 5.1B

A sociedade moderna tem um novo mestre.

A grande maioria das pessoas mundanas e uma parte considerável das que frequentam congregações, princialmente os mais jovens, estão sendo impiedosamente esmagados pelo espírito do mundo, de formas desesperadamente silenciosas e ardilosamente sutis, onde o mundo usa a realidade social para infligir todo tipo de dano nos indivíduos, tanto dano emocional quanto dano físico, os quais são produzidos massivamente na forma de vícios diversos, como os vícios sociais, vícios emocionais, e, com cada vez mais força, os vícios digitais.

Neste contexto um novo símbolo se ergueu, ou foi erguido, acima dos outros e acabou recebendo quase que um status de ídolo social moderno; muitas vezes ele tem sido um símbolo de status, também tem sido um sonho de consumo, assim como um símbolo do consumo exagerado de muitos, e dessa forma tem controlado sistematicamente a vida das pessoas. Sim, estou falando do Smartphone, e da maneira completamente descontrolada como os indivíduos estão interagindo com ele atualmente.

Veja bem, o telefone moderno é, sem dúvida, uma ferramenta incrível capaz de agilizar,  conectar, organizar, mobilizar, simplificar e dar praticidade para a vida de quem realmente sabe lidar com ele; de fato, é bem provável que você esteja lendo este texto usando o seu aparelho celular. O problema é que o número de pessoas que realmente sabe utilizar essa ferramenta de forma consciente, equilibrada e produtiva não é lá muito grande. A maioria das pessoas está, na verdade, sendo controlada por ele, quando o certo seria o oposto. Basta ouvir o som de uma notificação qualquer que param o que estiverem fazendo para dar prioridade a verificar o telefone, mesmo que estejam dirigindo, estudando, trabalhando ou até congregando, e, mesmo que tal notificação seja proveniente apenas de algum comentário sem valor em suas redes sociais ou do compartilhamento de conteúdo absolutamente irrelevante; mas como ouviram o "chamado" do telefone, precisam responder imediatamente e isso tem derrubado os níveis de atenção, produtividade e até de satisfação das pessoas para patamares extremamente baixos, a ponto de influenciar negativamente a qualidade dos pensamentos, dos sentimentos, das emoções, dos relacionamentos, do trabalho e da vida como um todo, inclusive, distraindo-os de construir laços mais íntimos e fortes com o Deus.

Tenho observado que várias pessoas em praticamente todos os lugares onde vou, incluindo pessoa que frequentam congregações, simplesmente não conseguem mais se concentrar em ter uma conversa verdadeiramente prazerosa, profunda e significativa porque precisam ficar constantemente dividindo a atenção deles entre a conversa e o telefone, logo se tornam incapazes de contribuir verdadeiramente com o que está sendo conversado, eles não ouvem direito, e praticamente a cada cinco minutos, ou menos, precisam checar ansiosamente o telefone, quase como num vício, mesmo quando o aparelho não recebeu qualquer notificação; mas as pessoas já estão tão mentalmente dependentes dele que passam a se comportar dessa maneira, pois toda a atenção delas não está nem na conversa e muito menos na outra pessoa com quem supostamente estão conversando, mas sim e exclusivamente no celular, durante praticamente todo o dia. Isso é uma espécie de servidão. Quando o telefone "diz": Olhem para mim! As pessoas obedecem sem pensar, sem se questionar. E quando ele não "diz" nada, as pessoas, ansiosas, ficam tendo a impressão de que o ouviram emitir algum som ou o sentiram vibrar "chamando" por elas. Há até pessoas que, se por qualquer motivo, se afastarem de seu telefone passarão a sentir sintomas de abstinência.

Alguém já disse que os telefones móveis, assim como as redes e mídias sociais, fizeram um grande favor para a humanidade e desempenham um importante papel quando possibilitaram que pessoas distantes pudessem manter contado estreito e prolongado, compartilhando experiências em tempo real como em nenhuma outra época antes da nossa, tanto por texto, quanto por fotos, áudio e videos; e isso é verdade, mas apenas para as pessoas, uma minoria, que sabe usar tais tecnologias de maneira apropriada. Aparentemente o contrário está acontecendo com a maioria dos indivíduos, e até distraindo-os de plantar e nutrir melhor as relações e conexões que possuem com todos aqueles que já estão fisicamente próximos. Veja essas situações a seguir e diga-me se você já passou ou percebeu por algo semelhante:

Certa vez fui a um determinado local, e lá havia várias pessoas sentadas aguardando, porém, estranhamente, pelo menos para mim, o lugar estava no mais absoluto silêncio, as pessoas estavam umas ao lado das outras, mas era como se estivessem sozinhas, todas com as cabeças baixas e os olhares vazios repousando sobre a tela, cada qual, de seu aparelho celular. Vez por outra era possível até ouvir o som característico do digitar produzido pelos teclados virtuais e pelo recebimento de mensagens. Aquelas pessoas estavam fisicamente no mesmo local, mas com certeza a mente e o coração delas não estava ali. Elas poderiam conhecer pessoas novas, poderiam fazer novas conexões humanas, poderiam conversar prazerosamente durante o tempo em que estavam aguardando, poderiam até aprender algo novo de valor uns com os outros, mas ao invés disso preferiram ignorar a existência de todas essas oportunidades e se fechar em suas bolhas digitais dando toda a atenção àquele pequeno aparelho, vendo vídeos, tentando se divertir com pequenos jogos, ou simplesmente vagando pela internet. Naquele dia tomei a decisão de que não ia me comportar dessa forma, minha prioridade sempre será por me conectar com as pessoas ao meu redor, olhar nos olhos, prestar atenção no que elas dizem, tentar aprender algo de valor com elas, ou ajudá-las se estiver ao meu alcance, mostrar genuíno interesse em conversar com elas. O mundo digital, para mim se tornou secundário e toda a minha atenção sempre será colocada primeiro no meu próximo; pois foi escrito: "...Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Mateus 22.39

Como podemos dizer que amamos nosso próximo se os ignoramos ou não damos a eles a devida atenção, preferindo nos concentrar sempre em nossos aparelhos celulares nas mais diversas ocasiões?

As pessoas vão aos restaurantes, lanchonetes, pizzarias, praças de alimentação e tantos outros lugares que deveriam facilitar a conexão entre os indivíduos, famílias, amigos, irmão em Cristo e etc... E a primeira atitude que tomam ao chegar é colocar seus telefones sobre as mesas ou em algum local onde possam responder o mais rápido possível caso o aparelho exija a atenção delas; algumas vezes já presenciei casais e até mesmo famílias inteiras sentadas uns de frente para os outros e sem trocar uma única palavra sequer por um longo tempo, todos absortos com os olhos fixos nas pequenas telas luminosas de seus celulares.

Depois de presenciar estas situações e muitas outras semelhantes, como pessoas caindo na rua porque estavam olhando fixamente para o telefone e não estavam prestando a devida atenção por onde andavam; ou, outros que bateram o carro porque estavam dirigindo, mas ao mesmo tempo mantendo os olhos na tela do celular, caixas de supermercado que levavam o triplo do tempo para contabilizar as compras dos clientes, mesmo que fossem poucas, porque estavam constantemente verificando algo no telefone, em horário de trabalho; atendentes se comunicando com alguém enquanto praticamente ignoravam as pessoas ao redor, os clientes;  e até médicos que deixaram de atender pacientes porque estavam compartilhando algo "mais importante" com seus contatos nas redes sociais; os exemplos que vemos todos os dias são muitos. Ao me deparar com tudo isso percebi que tais pessoas estão vivendo assim porque se tornaram servas desse novo estilo de vida moderno no qual seus pequenos aparelhos telefônicos são o centro de tudo; e é obvio que esta é mais uma das distorções comportamentais criadas pela ação do espírito do mundo tanto na sociedade quanto dentro da mente das pessoas, visando causar anomalias, confusões e caos. 

E por que digo que elas são servas de seus telefones?

Porque todos nós sabemos que o servo é aquele que dá toda a sua atenção, reverência e obediência ao seu senhor; como está escrito: "...A quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis..." Romanos 6.16; e isso se aplica a absolutamente tudo em nossa vida, logo, aquele que dá toda a sua atenção, reverência e obediência ao celular esta se tornando servo dele, que é exatamente o que as pessoas estão fazendo com seus telefones atualmente; é como se nada mais ao redor tivesse importância, a não ser o brilho hipnótico daquela pequena tela onde podem curtir ou comentar aquela foto, vídeo, texto ou comentário; compartilhar o máximo de fotos, textos, vídeos e opiniões possíveis diariamente mesmo que sejam completamente irrelevantes; e até serem covardes e agredirem alguém, direta ou indiretamente, de vez em quando. 

O fato é que a servidão do mundo se manifesta de várias maneiras e certamente uma das mais comuns atualmente é essa forma exagerada com a qual muitos estão se relacionando com seus smartphones. Há até pessoas sendo diagnosticadas com o que chamam de nomofobia, que é a angustia gerada pela impossibilidade ou pela falta de acesso a comunicação por meio do celular; de fato, pessoas estão se tornando viciadas no uso deste aparelho, muito mais do que podemos supor, e este vício, tal como qualquer outro, gera os mesmos efeitos danosos e nocivos na química cerebral das pessoas, criando dependência, abstinência, ansiedade,  tristeza, síndromes, depressão e muito mais. Veja que o nível de servidão em que as pessoas estão se colocando hoje em dia com relação ao celular, é tão perturbadora e destrutiva quanto qualquer outras escravidão lançada sobre a sociedade pelo espírito do mundo, com o diferencial de que é muito mais aceita. 

E quanto aos cristãos, como eles se relacionam com este aparelho tão necessário atualmente sem se tornar escravos dele?

Cristãos aplicam em sua interação com os smartphones, a essência do que está escrito em Gálatas 5.1; que diz: "...Não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão."; em outras palavras, todo cristão verdadeiro é o dono e o mestre de seu telefone; isso significa que eles não são comandados por seus aparelhos, cristãos não se comportam daquelas maneiras citadas acima e são capazes de estabelecer uma relação plenamente equilibrada e produtiva com celular, de modo que o uso do aparelho não seja exagerado, não ocupe todo o tempo útil de que dispõem no dia, não substitua interações com pessoas ao redor. Cristãos são capazes de estabelecer claramente blocos de tempo específicos durante o dia, onde utilizarão o aparelho celular de maneira efetiva, moderada e produtiva, seja para questões relativas ao trabalho, ao aprendizado, ao desenvolvimento pessoas e espiritual, a conexão com pessoas que estão distantes, o entretenimento e assim por diante, e, após fazer o que quer precisem, seja enviar mensagens ou emails, seja compartilhar alguma coisa importante, seja se comunicar com amigos e familiares, seja organizar suas tarefas, ou o que quer que seja; colocam novamente seus telefones na posição de servos, ou seja, não o verificam enquanto dirigem, não dividem a atenção com ele quando estão andando pelas ruas, não obedecem ao chamado dele exceto se souberem que se trata de algo realmente urgente.

Não se deixe dominar pelo vício do uso demasiado do smartphone, prefira conversar com pessoas ao invés de teclar com elas, prefira olhar as pessoas nos olhos ao invés de através de uma pequena tela, prefira conhecer pessoas novas ao invés de se fechar em uma bolha digital apenas com seus antigos conhecidos. Quando você for a algum lugar inspirador preocupe-se  muito mais em aproveitar plenamente a experiência com quem estiver com você ao invés de querer apenas compartilhar digitalmente através de fotos, vlogs, vídeos e textos em busca de comentários e curtidas vazias, porque a vida fora do ambiente virtual é muito mais interessante de ser vivida em sua plenitude e também tem muito mais a nos oferecer em retorno.  

Em todas as coisas da vida, os cristãos presam pela sua liberdade, e uma vez que entendem o que a liberdade realmente é, sabem que não devem abrir mão dela para se colocar novamente em posição de escravidão sob a influência de nenhuma pessoa nem, muito menos, de uma coisa como um pequeno aparelho como o celular. Cada um de nós deve encontrar uma mameira, segundo a nossa própria rotina, de fazer com que o telefone seja um valioso aliado na vida, precisamos encontrar meios de usá-lo com sabedoria visando sempre gerar produtividade, equilíbrio e economia de tempo, porque isso vai potencializar suas experiências de vida e a maneira como você interage com todas as pessoas ao redor.

Infelizmente os mundanos e muitos dentro de congregações ainda sofrerão muito pela forma como utilizam este pequeno aparelho, mas quanto a nós cristãos, nunca se esqueça de que o telefone deve ser nosso servo e não o contrário.     


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