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“...Na multidão de sonhos há vaidades...” Eclesiastes 5.7



Absolutamente todos os seres humanos têm sonhos que, de alguma maneira, guiam seus pensamentos e ações pela vida; tais sonhos são, teoricamente, como diamantes guardados no interior das pessoas, e para materializá-los as multidões estão dispostas a fazer praticamente qualquer coisa. Há aqueles que sonham em casar; há aqueles que sonham com a casa própria; há os que sonham em empreender; há os que sonham com a estabilidade de um emprego público; também existem aqueles que sonham em viajar e conhecer o mundo; têm os que sonham em comprar determinado carro que transmita a imagem de sucesso que eles desejam que os outros vejam neles; há os que sonham em ter corpos “perfeitos”; há os que sonham em ficar milionários e, é claro, aqueles que sonham em encontrar a felicidade. Estes são apenas alguns dos poucos sonhos que estão guiando a vida de multidões pelo mundo todos os dias.

Porém, estes não são nem de longe os únicos sonhos que têm movido a sociedade; muitos, e cada vez mais, têm sonhado com algum tipo de fama, status ou poder. Mas também há os cristãos, cujos sonhos estão ligados a melhorar o mundo em algum nível, ajudando o próximo, construindo uma sociedade mais equilibrada e um futuro de ordem e progresso sustentável para os que vierem depois de nós.

E por que estou falando essas coisas?

Porque o espírito do mundo tem se utilizado dessa multidão de sonhos que as pessoas têm para cegar e aprisionar completamente o coração e a mente da maioria delas.

E como ele faz isso?

Simplesmente inserindo no âmago, ou seja, na parte mais profunda do subconsciente das pessoas, várias e várias sementes de sonhos mundanos que vão se enraizando e crescendo, até que, quando chegam à superfície, ou seja, na mente consciente, já estão tão profundamente arraigados e solidificados que as pessoas já não são mais capazes de resistir a eles e passam a devotar toda a vida, de alguma maneira, na busca por alcançá-los.

Mas lutar para tentar alcançar seus sonhos não é algo bom?

Sim. Deste que tais sonhos sejam genuinamente seus, ou seja, desde que eles tenham sido realmente gerados em seu interior pelas sementes plantadas pelo verdadeiro Semeador, que é o próprio Criador; ou que, ao menos, tenham sido submetidos a Ele e devidamente aprovados como algo benéfico para nossa trajetória de vida. É exatamente assim que os verdadeiros cristãos agem nesse sentido, porque sabem que foi escrito que devemos submeter todos os nossos pensamentos à vontade de Deus para nossa vida, e, sonhos também são um tipo muito raro e específico de pensamento, tal como os diamantes são um tipo raro e específico de cristal.

Mas o fato é que não é isso o que ocorre com a maioria absoluta dos seres humanos, inclusive daqueles que estão dentro das congregações. A verdade é que eles possuem uma multidão de sonhos gravitando em seu coração, sonhos estes que por terem sido plantados, inseminados, pelo espírito do mundo tão profundamente no interior dos indivíduos, logo no princípio da vida infantil, acabam parecendo que são sonhos das próprias pessoas, mas não são. A maioria esmagadora dos muitos sonhos que gravitam o coração das pessoas foi gerada pelo espírito do mundo e incutida nos indivíduos através das mais diversas fontes de influências desde a infância. E toda essa multidão, não genuína, de sonhos sociais, de consumo, de riquezas, de fama, de status, de poder, de glórias e outras coisas semelhantes repletos de vaidades acabam funcionando como espinhos mundanos que sufocam as sementes dos verdadeiros sonhos que Deus semeou e semeia em nós; como foi dito: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ficam infrutífera." Mateus 13.22.

Esse cenário tem acontecido nas mais diversas congregações atualmente. Deus, através da exposição de sua Divina Palavra, semeia amorosamente os sonhos feitos por Ele, forjados sob medida, para cada um de nós, estes são os nossos verdadeiros sonhos que produziriam frutos de toda satisfação, plenitude, paz, tranquilidade, liberdade e muito mais, mas como as sementes destes sonhos genuínos, não possuem e não se alinham com as vaidades do mundo, da sociedade em que vivemos, e nos levariam na direção contrária daquela desejada e glamourizada pela maioria dos que nos cercam; então escolhemos nutrir em nosso coração aqueles outros sonhos mundanos repleto dos cuidados do mundo e da sedução das "riquezas", para vivermos correndo em círculos atrás dos tesouros mundanos e das glórias sociais que não são nada além do glamour das nossas próprias vaidades. E, são estes sonhos que vão sufocar não apenas  os nossos sonhos genuínos como toda nossa vida também, se não pararmos de persegui-los.

De fato, quando abraçamos os pensamentos que formam aquela multidão de sonhos, geradas em nós a partir de nossa própria vaidade, passamos automaticamente a trilhar caminhos repletos de espinhos, muito mais dolorosos do que os caminhos que Deus tem para nós; passamos a fazer sacrifícios em nome dos "nossos" sonhos, passamos a tomar atitudes equivocadas em nome dos "nossos" sonhos, passamos a carregar cada vez mais peso desnecessário sobre nossa vida em nome dos "nossos" sonhos, passamos a "dar o sangue" em nome dos "nossos" sonhos,  passamos a lutar as batalhas erradas ou a querer lutar em todas as batalhas, contra tudo e contra todos em nome dos "nossos" sonhos; e muito mais. A verdade é que quando abraçamos e tomamos os sonhos do mundo como se fossem nossos, a vaidade neles nos tornará escravos e perderemos a visão dos verdadeiros sonhos que foram plantados em nosso interior por Deus, por que está escrito: "...Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR." Isaías 55.8. Viver em função de buscar alcançar a multidão de sonhos do mundo nos impede de alinhar nossos pensamentos com os pensamentos de Deus para nossa vida, assim como nos afasta do verdadeiro caminho que devíamos trilhar.

E como saber quais são os nossos verdadeiros sonhos e quais são apenas sonhos da vaidade do mundo em nós?

Tanto os mundanos quanto muitos dentro das congregações não sabem fazer essa diferenciação, mas os sonhos genuínos exigem apenas algumas renuncias, por outro lado, os sonhos do mundo exigem muitos sacrifícios; sonhos genuínos exigem disciplina, os sonhos do mundo exigem devoção; sonhos genuínos nos dão visão (física, mental e espiritual), sonhos do mundo nos tornam cegos; sonhos genuínos geram liberdade, sonhos do mundo geram prisões; sonhos genuínos compartilham valor e virtudes, sonhos do mundo cobram um alto preço; sonhos genuínos criam leveza, sonhos do mundo acumulam peso (físico, mental e espiritual); sonhos genuínos produzem saúde (para nós e para os que nos rodeiam), sonhos do mundo produzem todo tipo de dores e angústias. E por que as pessoas ainda assim assumem os sonhos do mundo como se fossem seus? Porque todos eles sempre brilham como diamantes muito bem lapidados e despertam nossas vaidades das mais diversas maneiras.

O Espírito de Deus semeia em nós uma determinada quantidade de sonhos específicos e legítimos, mais para uns e menos para outros, mas todos igualmente feitos à imagem e semelhança de cada indivíduo e alinhados com o propósito, a missão e os valores elevados que Ele mesmo estabeleceu para nossa vida. Por outro lado, o espírito do mundo infecta as pessoas com uma multidão absurda de sonhos genéricos, totalmente desalinhados com quem realmente somos, mas extremamente sedutores, apelativos e glamourosos, voltados para os desejos da sociedade e amparados pelos anseios das vaidades mais profundas que as pessoas possuem, como a cobiça, a ambição, a ganância, a inveja, o egoísmo e muitos outros. Porém estes sonhos aprisionam a alma dos sonhadores tornando-os escravos e, em certos casos, gerando até mesmo a morte. Basta ver quantas pessoas acabam falindo seus negócios porque, na ânsia de realizarem o sonho de serem vistos pela sociedade como empresários altamente bem sucedidos, não tomam as decisões administrativas corretas para a sustentação, a permanência e o crescimento de seu empreendimento. 

E quantas pessoas têm sido mutiladas ou até perdido a vida por perseguirem cegamente o sonhos de ter um corpo "perfeito"; ou quantas pessoas já perderam rios de dinheiro em jogos de azar porque estavam perseguindo o sonho de ficarem milionárias; quantas pessoas movidas pelo sonho da casa própria, passaram por severas dificuldades financeira ao se enredarem em financiamentos intermináveis e extorsivos que não puderam suportar; quantas pessoas também vivem financeiramente comprometidas porque a cada cinco anos, ou menos, movidas pelo sonho do carro novo, compram um carro cada vez mais caro do que o anterior; quantas pessoas, seguindo o sonho de serem aplaudidas e seguidas, iludem-se a si mesmos e abrem "suas próprias" congregações mesmo não tendo o chamado genuíno para fazer isso. O fato é que a lista é virtualmente sem fim, mas todas estas pessoas estão perseguindo sonhos mundanos que elas assumiram como se fossem delas e, inebriados pelo perfume dessas vaidades, passarão pela vida lutando contra o vento e correndo em círculos, mesmo aqueles que aparentemente alcançarem algum sucesso, porque os impulsos da vaidade jamais terão fim e nunca permitirão que as pessoas encontrem satisfação e repouso longe das inquietações sociais, não importa o que façam ou o quanto se sacrifiquem.

Os nossos sonhos genuínos não necessariamente nos levarão a sermos aplaudidos, admirados, invejados, seguidos pelas pessoas, tampouco nos farão querer impressionar os que estiverem a nosso redor, nem colocarão todos os holofotes sociais sobre nossas cabeças, mas certamente vão gerar uma vida saudável em todos os sentidos, repleta de liberdade, equilíbrio, satisfação, plenitude, realização e paz. Em contra partida, a multidão mundana de sonhos vaidosos sempre vão impressionar os outros, sempre vão gerar aplausos, admiração, invejas, seguidores, assim como colocarão muitos holofotes sociais sobre nossa vida, mas também vão produzir inúmeros efeitos colaterais devastadores como: Confrontos, doenças, pânico, angustias, dores, inseguranças e muitos outros. Portanto, todos nós devemos nos examinar de maneira profunda para detectar e retirar de nosso interior todos aqueles sonhos que estão lá, brilhando como diamantes, atraindo toda nossa atenção, direcionando e subjugando nossas ações, pensamentos e rumo de vida, mas não são nossos; para que, só então, possamos finalmente dedicar nossa existência a nutrir as sementes dos sonhos que foram forjadas e semeadas por Deus especificamente para nós; ou seja, quando retirarmos o jugo da multidão de sonhos de vaidade, seremos realmente capazes de ver claramente os nossos verdadeiros sonhos; e estes  sonhos genuínos são os que vão criar em nós uma visão frutífera da vida que o SENHOR espera que vivamos, para que se cumpra em nossa existência o que foi escrito em: "Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui; acontecerá isso se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo e o falar vaidade..." Isaías 58.8-9.

Tenha em mente que sonhos não são objetos ou coisas como casas, carros, dinheiro, viagens; tampouco são posições sociais como o emprego A, o cargo B, ou, o título C; todas estas coisas são desejos, que até podem se tornar em objetivos e metas, desde que a busca por eles não nos distraia do que realmente é importante e não devore nossa vida. Os verdadeiros sonhos são pensamentos vivos que nos mostram uma realidade diferenciada, isso é o que chamamos de visão, que por vezes é uma realidade que ainda não existe, quer seja em uma esfera menor a respeito apenas de uma parte de nossa própria vida ou em uma esfera maior, que transforme completamente quem nós somos e até mesmo impacte positivamente na realidade ao nosso redor.  Se tirarmos a multidão de sonhos vaidosos do mundo de dentro de nós, assim como aqueles que tiram a escória da prata, poderemos usar nossos verdadeiros sonhos para modelar a vida de forma perfeita, segundo a vontade de Deus; como está escrito: "Tira da prata as escória, e sairá vaso para o fundidor." Provérbios 25.4.  


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