“O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas sábio é.” Provérbios 11.30
É preciso ter sabedoria para atrair as almas para Cristo e é por este motivo que desejo compartilhar com vocês o porque de eu não convidar pessoas para irem à igreja.
Antes de começar a falar sobre esse tema quero deixar claro que sei muito bem o quão importante é congregar, na verdade, pertencer a uma congregação é indispensável, vital e crucial para qualquer um que deseje manter um relacionamento verdadeiro e frutífero com Deus por intermédio de Jesus Cristo; de fato, absolutamente nada substitui a comunhão na congregação e alguém que não congrega não pode se considerar realmente cristão. De igual modo, também tenho plena consciência do meu dever como discípulo de Jesus, de ir e pregar o evangelho a toda criatura. Sei muito bem quão grande honra é para mim ter de desempenhar essa tarefa. Além disso, compreendo perfeitamente a necessidade de salvar as almas dos mundanos mostrando a eles o verdadeiro Caminho da Verdade e da Vida. Entretanto, creio que devemos aprender a fazer isso de uma forma mais sábia e efetiva, não apenas por palavras, mas muito mais através de nossos frutos de modo que inspirem as outras pessoas a estarem receptivas tanto às nossas palavras como ao próprio chamado de Deus para a vida delas.
E como fazer isso?
Quando se trata de pregarmos o evangelho, creio que devemos sempre ter em mente que somos cooperadores de Deus, como está escrito: “Porque nós somos cooperadores de Deus…” 1 Coríntios 3.9, isso significa que não somos nós quem fazemos todo o trabalho, na verdade, Cristo delegou a nós a parte mais fácil que é simplesmente ir pregar a Palavra para toda criatura para que quem crer seja salvo; ao contrário do que parece, principalmente quando começamos nossa caminhada com Jesus, falar as boas notícias é uma tarefa muito mais simples do que podemos imaginar, mas justamente por isso algumas pessoas têm se deixado afastar da simplicidade de Cristo criando todo tipo de formas, métodos, esquemas, modelos e uma gigantesca gama de meios de complicar essa obra, eles acham que a simplicidade do evangelho não é atrativa, quando na verdade é justamente o ponto que chama mais atenção. No passado, na época em que os apóstolos e os discípulos faziam e ensinavam como fazer este trabalho, eles pregavam o evangelho, uns com mais eloquência, outros com menos, mas todos com muita simplicidade, sempre baseando suas palavras nos alicerces espirituais do relacionamento entre Deus e nós por intermédio único de Cristo; não havia promessa de acúmulos exorbitante de bens materiais, não havia expectativas de ocupar os mais altos postos de comando eclesiásticos ou sociais; não havia o desejo de adquirir fama extraordinária. Todas estas coisas podiam acontecer? Sim. Mas não era o ponto central e nem mesmo o ponto secundário da pregação da Palavra Divina. O que estou querendo dizer é que naquela época, diferentemente de hoje em dia, os apóstolos não negociavam para atrair mais pessoas e encher as congregações lançando mão de promessas de realização dos desejos e vaidades dos ouvintes para conseguir “convertê-los” e atraí-los para a igreja, pelo contrário, eles apresentavam o cristianismo puro e simples, tal como ele é, não só por palavras, mas principalmente por ações (frutos), e isso era mais do que o suficiente para gerar resultados muito melhores do que, de modo geral, temos obtido atualmente, porque embora as congregações atuais consigam captar muito mais pessoas do que aquelas dos apóstolos e discípulos do passado, por outro lado não estão conseguindo demonstrar o verdadeiro cristianismo que tem o poder para transformar essas pessoas.
Eu entendo que quando nós convidamos alguém para ir a uma congregação, seja a nossa ou outra, é a nossa palavra que o está convidando e geralmente usamos para tal, os nossos próprios argumentos baseando-nos naquilo que nós achamos que os outros estão procurando, mesmo quando usamos a Palavra de Deus para fazer o convite; por exemplo, muitas pessoas são convidadas para congregar porque dessa forma conseguirão o casamento que tanto buscam, o emprego que tanto desejam, o carro ou a casa que tanto querem, o negócio próprio que almejam, ou mesmo a resolução de algum problema de saúde, como uma cura, ou algo do tipo. Quando fazemos o convite a alguém geralmente usamos alguns desses temas citados acima como base para nossa argumentação, sempre observando o que a pessoa está procurando ou de acordo com o que ela deseja resolver em sua vida.
E o que há de errado com isso?
O fato é que na maioria das vezes em que convidamos alguém para ir à igreja, nós estamos falando superficialmente, e isso ocorre por um motivo muito simples, nós não conhecemos o interior das pessoas, como está escrito: “...O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” 1 Samuel 16.7. Então eu pergunto: Se nós não conhecemos a reais necessidades que estão no coração de uma pessoa, como podemos prometer a ela que as necessidades superficiais serão alcançadas caso ela se junte a uma congregação? O fato é que, também, muitas das vezes a própria pessoa não se conhece. E o que isso quer dizer? A maioria das vezes, uma pessoa acha que sua vida precisa de algo ou deve resolver determinada situação, mas na verdade o que ela precisa é algo completamente diferente; ex: Alguém pode achar que deve ir à igreja para conseguir um casamento dos seus sonhos, mas na verdade o que ela precisa é adquirir sabedoria, ou alguém pode achar que deve se unir a uma igreja para ser curada quando na verdade o que ela precisa é aprender a manusear bem a fé; ela não sabe disso e nós também não porque todas as nossas reais necessidades, principalmente as espirituais, são completamente ocultas a todos os outros seres humanos e até, por vezes, a nós mesmos; por esse motivo é que os cristãos aprendem a estar constantemente examinando-se a si mesmos à luz da Palavra, para que possam adquirir autoconhecimento, e, por isso também, creio que é um erro convidarmos pessoas para congregar prometendo a ela que o seu desejo se realizará; porque por falta de conhecimento real de suas próprias necessidades espirituais muitos passam a visitar ou mesmo congregar, até ocupando cargos ministeriais e de liderança, e depois de algum tempo simplesmente se desiludem e abandonam, pervertem ou desviam das congregações; ou porque já conseguiram o que queriam ou porque não conseguiram o que queriam.
Então você pode estar pensando se eu nunca convido pessoas para irem a congregação.
Há apenas poucas ocasiões em que faço isso. E é quando alguma pessoa me revela, de alguma forma, por exemplo, que tem pensado em fazer uma visita a determinada congregação. Nestes casos eu entendo que o Próprio Deus já tem falado algo ao coração dessa pessoa e tudo o que ela está buscando é um apoio para finalmente dar o passo que o Senhor deseja que ela dê. Nesses casos eu costumo convidá-la ou dar força para que vá a alguma congregação que pode ou não ser a minha.
Quando isso acontece, a verdade é que o convite real já foi feito no próprio coração da pessoa, sem levar em consideração aquilo que achamos que ela precisa ou deseja, ou mesmo aquilo que ela mesma revela que precisa ou deseja; Pois Deus costuma fazer um convite personalizado e intransferível. Quanto a nós, como cooperadores de Deus devemos orientá-la do modo como os apóstolos e discípulos faziam, ou seja, usando de simplicidade e pureza, demonstrando o que é o cristianismo em sua essência e certamente isso abrirá uma porta para que a Voz do próprio Deus, através da Palavra, use os argumentos que realmente devem ser usados, ou seja, Deus fala diretamente com a pessoa e mostra a ela o real motivo pelo qual ela deve entregar a vida a Ele e congregar, além, é claro, de mostrar o que realmente deve ser modificado individualmente em cada vida.
Eu sei que há, hoje em dia, uma certa vaidade competitiva quanto a quantidade de pessoas que “ganhamos para Jesus”, uns dizem: “Eu já ganhei dezenas de pessoas para Jesus.”, outros propagam: “Eu ou nós, já ganhamos centenas de pessoas para Jesus.”, há os que se vangloriam: “Já ganhei milhares de pessoas para Jesus.”; mas a grande verdade que todo cristão sabe bem é que nenhum de nós jamais ganhou ninguém para Cristo, assim como uma caneta jamais escreveu nenhuma palavra ou letra sequer, quem escreve é o autor que empunha a caneta; da mesma forma, nós não ganhamos pessoas, é Ele, Jesus, quem o faz, nós apenas falamos a mensagem que nos foi confiada. Ele mesmo é quem escolhe, chama (convida), converte e etc…, como foi dito: “Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer.” João 15.5.
Quando nós convidamos alguém para congregar, somos nós quem damos as garantias de resultado de que ela encontrará o que busca, mesmo não sabendo o que de fato ela precise ou esteja buscando, e creio que fazer isso não é justo com as pessoas, mas quando é o próprio Deus quem convida intimamente a pessoa, é Ele quem revela as reais necessidades de cada um e dá as garantias de resolução dos problemas ou alcance dos objetivos que Ele sabe que cada um precisa e isso é completamente diferente. Em linhas gerais, quando convidamos alguém para congregar, tal pessoa tende a não se firmar, principalmente nos dias atuais, é óbvio que há exceções, mas uma pessoa que recebeu um chamado humano provavelmente terá dificuldade de se firmar na congregação, pois em mais ou menos dias encontrará algo que a desiluda, embora estivesse dentro da congregação, estava apenas habitando no âmbito humano da congregação, mesmo que tal pessoa tenha exercido algum tipo de cargo ou ministério, com o tempo acabará acontecendo algum tipo de desilusão na mente ou no coração dela que a fará se afastar. Por outro lado, quando apenas pregamos e vivemos o evangelho através de frutos inspiradores, passamos a emanar o chamado de Deus, mesmo quando não falamos e, esse chamado, quando é feito pelo próprio Deus, é algo completamente diferente, é inspirador, é transformador, é libertador; se você já ouviu o chamado de Cristo para viver o verdadeiro evangelho, ser transformado, purificado e congregar, então você sabe exatamente do que estou falando.
“...E este evangelho do Reino será pregado…” Mateus 24.14
Quanto mais nós mostramos Deus em nossa vida, com simplicidade, verdade, humildade, honra, lealdade, dignidade, mansidão, modéstia, bondade, compaixão, misericórdia e outras características como estas, do mesmo modo como Jesus e os apóstolos fizeram; menos nós precisaremos convidar pessoas para visitar as congregações, pelo simples fato de que, elas, ao enxergar a luz de Cristo refletida em nossa vida, serão inspiradas e atraídas para as congregações; ouvirão o convite real feito por Deus, passarão a chegar à conclusão, por elas mesmas, de que congregar faz grande diferença na vida das pessoas e a partir disso aceitarão o chamado, não o nosso, mas o do próprio Deus, e se tornarão verdadeiramente membros do Corpo de Cristo, A Verdadeira Igreja Etern; perceberão que fazer parte do Corpo de Cristo, independente da congregação em que estejam; não é algo que cristãos fazem para suprir seus desejos vaidosos ou sua ganância desmedida por bens materiais, atenção, poder, status, controle ou dinheiro, mas sim algo que fazem pura e simplesmente para agradar a Deus e encontrar a vida sob medida que Jesus tem específicamente para cada um de nós.
Não convidar pessoas pode parecer uma atitude oposta ao que se deve fazer, mas não é, desde que cada um de nós viva o cristianismo em espírito e em verdade, permitindo que Cristo produza os frutos inspiradores da Luz e da Vida Eterna em nossa vida; sem demagogia, sem hipocrisia, sem psicológias e filosofias extras; apenas com a simples, boa, perfeita, agradável e poderosa Palavra de Deus. Fazendo isso as pessoas ao nosso redor serão atraídas pela e para a luz de Jesus refletida em nós com desejos genuínos de também viver o cristianismo.
Para terminar, vou compartilhar com vocês o que tem acontecido na minha vida: Desde que parei de convidar sistematicamente as pessoas para irem a igreja em que congrego e me concentrei em viver o cristianismo com todas as minhas forças, em palavras e, principalmente, em atitudes; várias pessoas dos meus círculos de conhecimento já passaram a congregar, tanto na mesma congregação que eu quanto em outras, algumas vieram até mim buscando por mais informações a respeito do cristianismo e sobre o que é ser cristão; e o mesmo tem acontecido em absolutamente todos os lugares onde vou.
Não me entenda mal. Eu sei que haverá momentos em que Deus trará pessoas até nós ou nos levará até alguém para que nós façamos o convite, mas na maior parte das vezes creio que é Ele quem faz o convite; O Chamado. Nós apenas cooperamos com o SENHOR vivendo uma vida cristã verdadeira, que significa, em tudo ser exemplo de boas obras, como está escrito: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade e sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.” Tito 2.7-8
Quem agir assim passará a inspirar a vida de absolutamente todas as pessoas ao redor, e é isso que significa a primeira parte de Provérbios 11.30 quando diz: “O fruto do justo é árvore de vida…”.
Comentários
Postar um comentário