"Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência." Tiago 1.14

Como nos livramos das tentações? Como paramos de ser enganados pelas nossas concupiscências?

Se qualquer pessoa compreender que pode se desvencilhar das tentações simplesmente aprendendo a colocar seus próprios pensamentos no devido lugar, muitas frustrações, desilusões, angústias, falhas e dores serão evitadas.

A tentação é só um pensamento, como outro qualquer; o problema é que o espírito do mundo doutrinou a maioria absoluta das pessoas durante todo o tempo de vida deles, incluindo eu e você, a acreditar que os pensamentos são algo maior do que nós, ou seja; fomos doutrinados por anos e anos a crer que devemos obedecer nossos pensamentos, quando na verdade é justamente o oposto; o correto é que são nossos pensamentos que têm de nos obedecer; porém, por falta deste conhecimento, muitos não têm conseguido se defender das mais variadas tentações, pessoais, profissionais, mentais, espirituais, financeiras e sociais às quais somos expostos quase que diariamente; e uma grande multidão de pessoas, muitas das quais com o coração repleto de boas intenções, já foi destruída por estas tentações; como o texto de Oséias 4.6a também revela, quando diz: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...".

Alguns estudos mostram que uma pessoa é capaz de gerar cerca de 70.000 pensamentos por dia, muitos dos quais visam apenas nos distrair e alienar do que tem mais importância na vida, e tantos outros buscando nos influenciar de maneira negativa. Quando alguém pensa em impressionar o vizinho, ou pensa que sua vida não é suficientemente boa, ou pensa que não é uma pessoa atraente, ou pensa que não é inteligente o bastante, ou pensa que não é capaz de realizar algo, ou pensa que não há perdão para si, ou pensa em praticar algo que sabe que não deveria, ou pensa que jamais será feliz, ou pensa que a felicidade pode ser comprada em lojas de marca ou em grandes varejistas, ou pensa que já sabe mais do que as outras pessoas, ou pensa que os fins justificam os meios, ou pensa que a vida que os seus amigos demonstram nas redes sociais é melhor, e uma infinidade de outras coisas semelhantes a essas, na verdade, ela está sendo tentada sem se dar conta disso, por esse motivo acabam cedendo sobre o "peso" de tais pensamentos que invariavelmente os levam a tomar decisões equivocadas, imaturas e distorcidas.

A maioria dos indivíduos não têm o costume de colocar-se acima dos próprios pensamentos, eles nem mesmo sabem que podem fazer isso, muitos passam a vida inteira como escravos de todo e qualquer pensamento aleatório e repetitivo que passe na mente deles; nunca questionam seus pensamentos de medo, nunca confrontam seus pensamentos de vaidades, nunca se desapegam do seus pensamentos de consumismo, nunca abandonam seus pensamentos de inferioridade, nunca derrotam seus pensamentos de incredulidade, nunca assumem o controle dos pensamentos exageradamente emocionais e sentimentais, nunca repreendem seus pensamentos de pessimismo, nunca renunciam seus pensamentos viciosos, nunca reprovam seus pensamentos de ambição, nunca ignoram seus pensamentos passionais, e assim por diante. Assim sendo, tais pensamentos se multiplicam, acumulam e misturam de maneira caótica gerando todo tipo de concupiscências atrativas que acabam cativando, seduzindo e enganando cada indivíduo, isso é a tentação; como foi dito em Tiago 1.14: "Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.". 

Quando alguém entende que os pensamentos que estão na sua própria mente não correspondem a verdades absolutas, mas sim a, apenas, fenômenos biológicos naturais da mente humana, baseados em percepções internas e externas, geralmente parciais, de quem somos, das coisas e pessoas que nos cercam e de tudo o que achamos que sabemos; encontramos a lucidez, o equilíbrio e a clareza (sobriedade) necessárias para ver que tais pensamentos podem ser, e geralmente são, distorcidos de alguma maneira pela sociedade, e manipulados, tanto pelas circunstâncias, quanto por pessoas, empresas, e até por congregações, influenciada pelo espírito do mundo. A grande maioria dos pensamentos não supervisionados que possuímos são na verdade, ilusórios, e principalmente as tentações; elas se aproveitam do fato de que as pessoas não costumam reivindicar o controle sobre sua própria mente para criar cenários fictícios e fantasiosos baseados em diversos desejos, sonhos, ambições e qualquer estilhaço de vaidade, medo ou quaisquer outras "sensações" e percepções sociais, pessoais, mentais e espirituais que estejam gravitando dentro de nossa mente. 

E como podemos nos defender de toda essa mecânica que tem acontecido dentro de boa parte das mentes das pessoas sem que elas nem tenham consciência disso?

"...Levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo." 2 Coríntios 10.5b. Neste texto bíblico devemos compreender que a palavra "entendimento" significa justamente os pensamentos que temos a respeito de tudo o que há em nós e ao nosso redor; assim sendo, se começarmos a praticar e criarmos o hábito de ponderar sóbria e diligentemente acerca de absolutamente todos os pensamentos que surjam em nossa mente, estaremos lançando luz sobre eles de modo que seremos plenamente capazes de separar aqueles pensamentos que realmente servem para nos edificar em todas as áreas da nossa existência, e poderemos nos desapegar com muito mais facilidade daqueles outros pensamentos que foram inseridos dentro da nossa mente pela sociedade, por outras pessoas, por nós mesmos na época da ignorância, pelo espírito do mundo, e que não servem para nada além de nos confundir, distrair e enfraquecer.

Está escrito em 1 Tessalonicenses 5.21: "Examinai tudo, retende o bem.". Este versículo também deve ser aplicado na relação que temos com a nossa própria mente, de modo que se começarmos a observar com atenção, examinando cuidadosamente, cada um dos nossos próprios pensamentos, começaremos, gradativamente, a ficar mais conscientes acerca deles e de seus padrões, assim sendo, nos tornaremos mais hábeis em reconhecer e discernir os pensamentos úteis e os inúteis; os pensamentos sábios e os loucos, os bons e os maus, e assim por diante, para reter e preservar todos os que forem saudáveis e nos livrarmos de todos aqueles pensamentos que não sejam verdadeiramente benéfico a nós e aos que estão em nossa vida. Com o tempo, e a prática, perceberemos que nossos pensamentos, todos eles, bons e ruins, perderão a força que antes possuíam sobre nós, que nos faziam agir de acordo com eles sem a devida clareza, mas nós finalmente estaremos acima deles, comandando-os, e não suscetíveis as suas influências aleatórias e alienadas, mas sim em plena liberdade mental como pessoas que possuem a mente aperfeiçoada em unidade com Jesus, como declarado em 1 Coríntios 2.16b, que diz: "Mas nós temos a mente de Cristo.".     

Uma vez que compreendemos que nossos pensamentos podem, e devem ser, domesticados por nós mesmos e moldados segundo a nossa verdadeira vontade, não a vontade da nossa carne (que é a vontade das nossas vaidades, fúria, infantilidades, paixões, ansiedades, emoções, impulsos, ambições, tolices, maldades, ganâncias etc...), mas sim a nossa real vontade, a vontade da nossa consciência espiritual (que é a vontade da nossa fé, bondade, obediência, alegria, paciência, etc...) encontramos a liberdade daqueles que tomam o seu lugar acima dos próprios pensamentos, transformando-os em poderosas ferramentas em nossas mãos. Pois o que controla os próprios pensamentos têm mais poder do que aquele que governa uma cidade inteira mas é escravo da própria mente; como está escrito em Provérbios 16.32: "Melhor é o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade.".

Com esse entendimento renovado, conseguimos verdadeiramente assumir o controle de nossa própria existência, pois nossa vida nada mais é do que um reflexo dos nossos pensamentos; e quando aprendemos a colocar toda a nossa mente a serviço da nossa consciência espiritual regenerada por Jesus; dissipando toda e qualquer ilusão atrativa e sedutora que o espírito do mundo use a sociedade ou qualquer outro agente externo para tentar impor sobre nós. Devemos, em todas as coisas, sempre exercitar a dádiva divina de pensar claramente para que tenhamos a "visão" e a percepção correta de como devemos caminhar e proceder sempre com equidade em todos os assuntos, tal como foi dito em Provérbios 4.25: "Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti.". Quanto mais observamos nossos pensamentos com atenção mais aprendemos sobre eles; quanto mais aprendemos sobre eles mais conseguimos governá-los; quanto mais conseguimos governá-los mais apendemos sobre nós mesmos; e quanto mais aprendemos sobre nós mesmos, mais fortes física, mental e espiritualmente nos tornamos.

É dessa forma que podemos navegar pela vida rumo aos objetivos para os quais fomos concebidos em Cristo, com plena capacidade de nos esquivarmos de todas as tentações físicas, mentais e espirituais que nos rodeiam tão de perto; do contrário continuaremos sendo guiados por nossos pensamentos estilhaçados, alienados e aleatórios, o que fará de nós como barcos à deriva, subjugados por pequenas ondas e pelos fracos ventos de tentações como se fossem a própria tempestade do século.