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“Um abismo chama outro abismo...” Salmo 42.7A



“Um abismo chama outro abismo...” Salmo 42.7A

Toda a maneira como a sociedade mundana, na qual estamos inseridos, funciona, foi desenhada de forma a gradualmente fazer com que as multidões sejam sutilmente lançadas em abismos dos mais diversos tipos, internos e externos. E uma vez que caírem em qualquer um destes abismos sociais, o que acontece em seguida é que as pessoas acabam entrando em uma espiral descendente que as faz ir cada vez mais fundo, vertiginosamente, sendo arremessada de um abismo para outro num ciclo vicioso praticamente sem fim.

Mas de quais abismos estamos falando aqui?

Um dos meus objetivos, não apenas neste texto, mas em todos os outros publicados aqui é produzir algumas reflexões que possam gerar clareza e consciência para os leitores de maneira que consigam obter maior visão e compreensão de como o espírito do mundo manipula a mente e o coração das pessoas na sociedade, assim como em algumas congregações, usando diversos tipos de iscas sociais, algemas douradas e armadilhas perniciosas interiores e exteriores; logo, os abismos aos quais estou me referindo aqui são abismos sociais nos quais bilhões de pessoas ao redor do planeta têm caído sem perceber e que acabam fazendo com que sejam levados para quedas ainda maiores em outros abismos ainda mais profundos e sombrios.

Deixe-me ser mais claro. Os abismos dos quais estou falando são os nossos pensamentos negativos, nossos sentimentos tóxicos, e as nossas emoções descontroladas; coisas como autocríticas exageradas, comparações entre nossa vida e a dos outros, ambições, falsos sonhos, tristezas, nostalgias, perfeccionismos e uma gama gigantesca de outros impulsos internos capazes de, literalmente drenar toda a alegria e motivação da vida das pessoas. E o pior é que estes impulsos são, hoje, vistos pela sociedade como, de certa forma, algo natural e parte integrante da experiência de vida moderna, de modo que, tanto mundanos quanto muitos em congregações estão tentando desesperadamente, a todo custo, se adaptar a essa forma que a sociedade está impondo a todos os que vivem nela.

Apenas parta citar um exemplo; a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas (ONU) diz que mais de 300 milhões de pessoas já estão sofrendo de depressão, e que esse número tende a crescer nos próximos anos, pois segundo eles, tratasse de uma epidemia mundial, e é bem possível que você, assim como eu, conheça alguém que já tenha dito sofrer algum nível de depressão. 

O fato é que a forma como a vida moderna tem sido vivida pelas pessoas, independente de classe social, grau de escolaridade, profissão, cidade ou mesmo nação; as têm lançado em abismos mentais e sociais virtualmente sem fundo; ou seja, as pessoas estão vivendo completamente no automático, sem nenhuma clareza e consciência sobre a própria vida; elas estão expostas e sendo impiedosamente bombardeadas, todos os dias, por um arsenal "atômico" de todo tipo de influências perniciosas de materialismo, enriquecimento rápido, consumismo, violências, preconceitos, excessos, busca por fama, desejo por status, sonhos de glamour, e tantas outras coisas que estão simplesmente aniquilando a mente e o coração dos indivíduos e fazendo com que tenham de lidar com pressões e forças sociais vindas de todos os lados, que vão se acumulando e se tornando cada vez mais pesadas; e, isso acaba causando um rompimento no interior das pessoas, um rompimento tão violento que as arrasta para um estado de profunda tristeza com relação a própria vida, (esse estado já é um abismo), que as leva a uma grande angústia por não estarem sendo capazes de lidar adequadamente com tais situações (outro abismo), isso faz com que se sintam cada vez mais incapazes, inábeis, inadequadas (mais um abismo), que as faz desenvolver um ciclo de pensamentos, sentimentos, emoções e ações melancólicas (outro abismo), que as envolve em uma espécie de pântano interior, sombrio, de onde não têm mais forças para sair por si mesmas; a depressão (mais um abismo), que pode conduzi-las até à autodestruição (O derradeiro abismo).

Você percebe a gravidade e a perversidade de tudo isso? As influências sociais, que a maioria considera comum e típica da vida moderna, estão exercendo tanta pressão sobre a vida das pessoas, em casa, na escola, no trabalho, nas congregações, no território virtual, entre os parentes, colegas e amigos que, ao tentar se acostumar e satisfazer tais pressões, inconscientemente, estão apertando gatilhos mentais que desencadeiam toda uma reação em cadeia avassaladora que vai levá-las de um abismo para outro, com enorme sofrimento. E como muitos não sabem como se libertar destas influências e pressões, acabam tentando fazer a única coisa que julgam coerente e correta, que é, se conformar com elas, achando que essa é a forma normal de viver nos dias atuais.

O problema é que ao se conformar com isso as pessoas abrem a possibilidade de serem ainda mais açoitadas por muitos outros pensamentos, sentimentos e emoções nocivas, todos os dias, sem oferecer qualquer resistência; em outras palavras, tentam conviver com a angústia, com a tristeza, com o medo, com o estresse, com autocríticas extremamente cruéis, com autopunições injustas e muito mais. Em resumo, bilhões de pessoas estão se afogando em meio a tormentas mentais e emocionais violentíssimas repletas de pensamentos negativos, autodepreciação, crenças debilitantes, sentimentos nocivos, emoções autodestrutivas e muito mais. Para estas pessoas o mundo parece cada vez mais um lugar de sombras e escuridão; porque quando alguém olha muito tempo para um abismo, o abismo também olha para a pessoa.

E como os cristãos verdadeiros fazem para se prevenir contra tudo isso?

Aplicando a essência do que está escrito em 2 Coríntios 10.5B, que diz: "...E levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo"; ou seja, os cristãos sabem que nem todos os pensamentos, sentimentos, emoções, sonhos, visões e intenções que estão dentro deles, são realmente deles, cristãos entendem que o espírito do mundo usa todas as forças e fontes sociais que existem para implantar e reforçar impulsos capazes de, se não forem identificados, controlados e eliminados, se desenvolver e perturbar a mente e o coração de qualquer um, inclusive, atingindo a vida de outros ao redor. E um exemplo claro que a bíblia nos dá de um destes impulsos, abismos sociais, que podem levar uma pessoa a destruição física e espiritual é a amargura, por isso nos foi ensinado que a melhor forma de proceder é: "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando vos perturbe, e por ela muitos se contaminem." Hebreus 12.15.

Qualquer um que, por exemplo, dê espaço para "pequenos" pensamentos, emoções e sentimentos, auto-depreciativos, tóxicos, negativos, ou semelhantes a estes, vai ser capturado por tais impulsos, que darão origem a outros mais perversos, que por sua vez produzirão outros ainda piores exatamente como descrito em Salmo 42.7A; será um abismo chamando outro.   

Se nós desejamos nos manter imunes a toda essa mecânica social opressiva devemos praticar diariamente o que nos foi ensinado, por exemplo em: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o seu coração..." Provérbios 4.23, e também, "Quanto mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4.8; em outras palavras, adquirindo o hábito de plantar e cultivar, massivamente, todos os dias, pensamentos, sentimentos, intenções, palavras, ações e emoções de fé, positivas e fortalecedoras, como o amor, a gratidão, a compaixão, a alegria, a felicidade, o contentamento, a generosidade, a doação, a bondade, a benignidade, a amizade e muitas outras semelhantes, estaremos fortalecendo nossa mente e protegendo nosso coração; gerando dentro deles um ambiente com "alta imunidade" que não será afetado, abalado, nem influenciado pelos impulsos das forças sociais, pelo "senso comum", pelo "Status Quo" e nos fará evitar de morder as iscas das armadilhas mentais do mundo e cair naquelas espirais sociais decadentes.

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